domingo, setembro 03, 2006

MINHA AVENTURA COMO UM CRAQUE DE FUTEBOL

Aline Alexandrino é uma espécie de Bruxa misturada com Mulher-Gato. Grande figura. Grande professora. Grande amiga. Quando a gente pensa que a conhece na sua totalidade eis que ela tira mais alguma coisa do seu cinto de utilidades. Mas deixa a garota falar. Seja bem vinda caríssima: Hugo Caldas

Aline Alexandrino

Hugo, este conto, tinha que ter 20 linhas, fora o título, tinha que ser sobre este tema, e tinha que ser uma estória completa. Quando comecei tinha 2 páginas. Fui cortando daqui e dali, deu um trabalho danado mas valeu a pena porque ganhei um concurso, com jurados e tudo, da finada Rede Manchete, onde o prêmio era (tchan-tchan-tchan-tchan): IR PARA A COPA DE 1986 NO MÉXICO, POR 15 DIAS, COM TUDO PAGO, VIAGEM DE 1ª CLASSE, HOTEL 5 ESTRELAS EM ACAPULCO, INGRESSOS VIP PARA OS JOGOS,INCLUSIVE AS FINAIS, TRANSLADO PARA OS LOCAIS DOS JOGOS EM JATO EXCLUSIVO (a merda é que o Brasil perdeu...) E UMA AJUDA DE CUSTO DE US$ 500!!!! E EU FUI !!! Detalhe: a estória é verdadeira e aconteceu com a Degas aqui...


"Minha aventura como um craque de futebol começou com o sarampo do Alvinho. Eu tinha 7 anos e era goleiro reserva do time da rua. Alvinho era o titular, muito bom, e eu nunca tinha vez (apesar de que a bola era minha...). Mas era a semana de um jogo decisivo com o time da outra rua e dessa vez eles não podiam me barrar. Afinal, eu estava em forma porque treinava duro. Quem, melhor do que eu, pulava muro e subia em árvore com aquelas pernas enormes e flexíveis? Ainda assim, não foi fácil convencê-los. Argumentei, chorei, implorei, tive até que prometer a coleção de bolas de gude que meu pai trouxera do Rio. Finalmente chegou o dia do jogo e não podia ser melhor. Minha mãe estava na cidade fazendo compras e a empregada namorava na esquina. Fomos para o mangue, atrás da minha casa, me posicionei entre os 2 paus de vassoura que serviam de trave, e mandei ver. Foi um deslumbramento !... Agarrei tudo, até pensamento. Aí, justo quando o time estava me aceitando, aconteceu o inesperado. Meu pai voltou mais cedo do escritório e me flagrou no mangue, com lama até o olho, jogando com os meninos. Até hoje lembro o que senti. Ele freou o carro bruscamente, saltou, e caminhou para mim, que nem piscava. Apontou para o portão do quintal e disse: "JÁ PRA DENTRO! DESDE QUANDO MENINA JOGA FUTEBOL?!...
Naquela época, ser mulher dava cartão vermelho..."

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