sábado, março 08, 2008

Trufas para o jantar


Anco Márcio de Miranda Tavares

A minha namorada preferida tinha longos cabelos ruivos que se espalhavam por sobre o ombro e sempre trazia trufas para o jantar. Ele se chamava Fernanda, Amanda uma coisa assim, com esse som que nunca me doeu nos ouvidos. A minha namorada preferida tinha sardas em todo o rosto e por sobre os ombros também.

Brigas a gente nunca teve. Discussão também não. Como discutir com uma pessoa que concordava com tudo que eu dizia, que pensava meus pensamentos, que advinhava o que eu ia dizer? Fernanda ou Amanda era assim. Tinha as mãos reconchudas embora não fosse assim uma mulher gorda. Tinha mãos de criança.

As ancas rebolavam de acordo com o andar que era lépido e fagueiro. E suava em bicas! Como suava a minha namorada que trazia trufas para o jantar. Transar com ela era quase que uma brincadeira de escorregar, pois seu corpo ficava liso como se a gente houvesse passado sabão sobre ele.

Eu lembro que num dia ela cismou de tomar banho no rio sem roupas. E isso não foi de noite nem escondido não!! Foi em plena luz do dia e juntou gente para olhar. Ela e seus cabelos ruivos, ruivos também no sexo, fizeram a alegria da meninada do lugar. Uma mulher de mais de um metro e oitenta nua dentro de um rio tinha o que ver.

Mas eu disse que ela trazia trufas para o jantar. E trazia mesmo. Preciosamente guardadas numa caixinha em forma de coração. Vinham sempre numa caixinha em forma de coração e revestida de papel laminado. Ela me trazia com carinho, afeto e um beijo na boca nada discreto.

Começamos a nos desentender quando eu disse que não queria mais trufas para o jantar. Ela chorou muito e disse que eram dadas com amor. Mas mesmo com amor, eu fui rude, grosseiro, disse que não queria nem mais ver trufas na minha frente e na minha casa a melhor da aldeia.

Ela não disse nada. Pegou suas poucas coisas, enrolou num pano vermelho e saiu em direção do centro. Foi a última vez que a vi... Minto. Eu a vi outra vez no rio, tomando banho nua. Ela nem me viu. E eu quando cheguei em casa me masturbei pensando naquela mulher que fora minha e trazia trufas para o jantar.

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