domingo, junho 22, 2008

Preço do sonho


MARCUS ARANHA

Num país como o nosso, onde impera a lei de Gerson, é de se esperar que os comerciantes queiram ter sempre um lucro exorbitante em seus negócios.

E é o que se vê... Basta que se anuncie um aumento mixuruca do salário mínimo, todo o comércio começa aumentar os preços do que vende. Observo isso há anos... E mais: em ano eleitoral, quatro meses antes das eleições, quando na “política” começa a rolar dinheiro, os preços também sobem, atingindo um auge em outubro.

Este ano a coisa está bem pior. O dragão da inflação que dormia a sono solto, já abriu o olho. A corrida de preços da alimentação atinge o mundo e, evidentemente, também o Brasil. Desde maio a coisa vem se complicando cada vez mais: basta entrar no supermercado para ver que chuchu, arroz, tomate, peixe, cenoura e carne verde, já estão pela hora da morte. E só o que tem é economista, cada um mais sabido que o outro, pra explicar as causas do começo da inflação.

Debilidade do dólar americano, alta do petróleo, aumento do preço de fretes e de fertilizantes, especulação nos mercados futuros e redução dos estoques existentes no mundo são apontados como responsáveis por essa crise. Além disso, esses especialistas citam uma coisa que é impossível frear: o aumento do consumo de alimentos em países gigantes como são a China, a Índia e o Brasil.

Ora, se no mundo, seus habitantes estão comendo mais, não é possível que os governantes deles queiram que o povo coma menos! É preciso produzir mais comida!

Será que a essa altura dos séculos a teoria de Thomas Malthus volta à tona e se mostra verdadeira. Serão tantos os moradores do planeta que a humanidade vai se acabar pela fome?

Pondo os princípios malthusianos a parte, a verdade é que as megaempresas de processamento de alimentos estão tendo lucros estratosféricos, enquanto há gente no mundo que não tem o dinheiro pra comprar um pão.

De uma coisa eu sei. Nessa crise mundial de preços, com o brasileiro comerciante viciado em aumentar preços, nós estamos ferrados.

Subiu o salário mínimo e eles subiram os preços; veio a crise mundial e novamente nossos preços foram para cima; agora, em primeiro de julho, os políticos começam a soltar dinheiro para seus cabos eleitorais e os preços continuarão subindo gradativamente; também em julho ou agosto, o Bolsa-Família vai ter reajuste e é quando aqui no Nordeste, onde o benefício dado pelo governo é muito forte, vamos ver subir o custo de arroz, feijão, farinha, macarrão e até carne de charque.

A coisa é tão evidente que o aumento dos preços das “coisas” está ficando banalizado.

Imagine que até a Caixa Econômica Federal, uma entidade bancária dita de fins sociais, resolveu aumentar o preço da aposta na Mega-Sena. A partir de 29 de junho, dia de São Pedro, se você quiser fazer uma fezinha na Mega, vai pagar R$ 1,75 por um só joguinho. Um aumento de 16,7% sobre o preço atual. A Mega não tem nada a ver com petróleo, fertilizantes, mercados financeiros, bolsas de valores, commodities ou royalties. Mas...

Pois é... Brasileiro é assim. No momento em que os preços dos alimentos sobem no mundo inteiro, ele aumenta o preço da comida e também da Mega Sena.

Ou seja, em nosso país subiu até o preço do sonho.

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