terça-feira, julho 08, 2008

Estação de um novo tempo


Germano Romero

Ao ouvir o Hino Nacional na inauguração da Estação Cabo Branco, "bons orgulhos" aterrissaram à minha cabeça. Era decerto uma honrosa data. Primeiro, o orgulho profissional, constatando que Arquitetura é a arte mais grandiosa e marcante. É nela que se registra da forma mais ampla possível as características, o estilo de vida, a história e o pensamento humano de uma época. Além de ter o condão de ser acessível a todos, de não estar enfeixada em livros, partituras, bibliotecas, museus ou qualquer tipo de arquivamento, a Arquitetura é arte que se mostra por inteiro, dia e noite, ao sol e à lua, ao rico e ao pobre. E que, além de distribuir beleza, abriga o homem e suas atividades de forma prática, funcional e prazerosa.

E foi com a Arquitetura que Ricardo Coutinho resolveu marcar sua administração, que para os paraibanos já é histórica. Não obstante ele fazer questão de dizer, com absoluta sinceridade, que "construir 10 mil casas é uma epopéia ainda maior e mais significativa", igualmente concebida pela Arquitetura.

E ao som do Hino, que também nos trouxe o orgulho nato de brasileiro, subi àquela "nave do planalto" – como disse Carlos Romero – e alcei vôo levitando por cima da Ponta do Cabo Branco, vislumbrando a bela enseada, quando veio o terceiro orgulho: de ser paraibano. Aí pensei: como é bonita nossa terra!...

Neste momento, a Orquestra da Cidade dobrava o Sublime Torrão de Genival Macedo, e me fez aterrissar de volta ao planalto os orgulhosos devaneios.

Parece que o terceiro orgulho foi o que mais tocou. A Capital das Acácias tem agora uma obra prima da Arquitetura na crista da mais protuberante aresta continental de seu lado nascente. Uma obra assinada por um gênio que semeou talento pelo planeta inteiro, fazendo-nos figurar na lista mundial de cidades contempladas com sua marca, ao lado de Constantine, Havre, Paris, Milão, Nova York, Caracas, Londres, Avilés, entre outras.

E esta marca não tem um significado apenas turístico, arquitetônico, histórico, mas, de uma nova era vivida pelos paraibanos, que há muito não viam obras desse porte serem inauguradas por aqui. Vítima da descontinuidade oriunda das desavenças mesquinhas de uma política egoísta e vaidosa, que se desacostumou a dar prioridade aos anseios e necessidades do povo, a Paraíba ressurge com forças e idéias novas. Quiçá consigamos pelo menos sair do atraso e deixar de ver crescer somente as vizinhas Natal, Maceió, Fortaleza.

Tudo indica que a Estação Cabo Branco pousou na ponta de terra sobre o mar não somente como monumento que trará para perto do povo lições de Ciência, Arte e Cultura. Quando o sol de todas as manhãs, que ali chega primeiro, desnudar a Estação e der luz à sua beleza emoldurada pelo verde da mata que a envolve, fulgurará a mensagem de que começamos a viver um novo tempo. Um tempo em que um pedreiro vai ao pódio discursar sobre a obra inaugurada, que ajudou a erguer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caríssimo Germano
Esse "gênio que semeou talento pelo planeta inteiro, fazendo-os figurar na lista mundial de cidades contempladas com sua marca, ao lado de Constantine, Havre, Paris, Milão, Nova York, Caracas, Londres, Avilés, entre outras".... cobrou quanto?
Aqui, ele está construindo o "Parque Dona Lindù" (olha o ridículo do nome da mãe de quem???)na praia de Boa Viagem, com 70% de cimento armado (sua obsessão)e pelo qual está cobrando a bagatela de 38 MILHÕES.
Meu abraço. Hugão