domingo, agosto 24, 2008

BEIJING, BEIJING, PAU PAU!


Hugo Caldas

Lá pelos idos de 2.500 a.C., os gregos realizavam festivais esportivos em honra a Zeus no santuário de Olímpia, o que originou o termo Olimpíada. Os Jogos Olímpicos podem, entretanto ter começado em torno de quinze séculos antes de Jota Cristo. O evento, por sua transcendental importância era tão respeitado que até interrompia uma eventual guerra. Desses jogos participavam apenas os cidadãos livres, disputando entre sí provas de atletismo, luta, corrida de cavalo e pentatlo, salto em distância, arremesso de dardo e de disco, etc. Os vencedores recebiam uma coroa de louros. Igualzinho hoje em dia.

Agora, nesses tempos modernosos, de quatro em quatro anos, milhares de atletas de centenas de nações se reúnem em um determinado país, para a disputa de uma enfiada interminável de modalidades esportivas. Verdadeiro congraçamento. A própria bandeira olímpica já representa essa união de povos e raças, pois que é formada por cinco anéis e suas respectivas cores, entrelaçados, representando os cinco continentes. O credo Olímpico, "O importante é competir,” foi criado pelo barão Pierre de Coubertin quando fez ressuscitar as Olimpíadas lá por volta de mil e oitocentos e preto-e-branco e tinha por finalidade enaltecer o prazer cavalheiresco de competir, independentemente do resultado. A lealdade e a generosidade também eram consideradas. "O essencial não é conquistar mas ter lutado o bom combate.” Este Ideal Olímpico é de uma ingenuidade comovente em face da natureza dos homens.

"A glória para os vencedores e aos perdedores as batatas.”

Alguém explica, por exemplo, as diversas modalidades de "glória"? Ouro, Prata e Bronze? Glória de primeira classe, de segunda e terceira? Glória é glória, ora! Este foi, entretanto, o mote desde os primeiríssimos jogos na antiguidade. Competia-se, compete-se e continuar-se-á (gostei) a competir ferozmente pelo privilégio de ser o número um, o merecedor de todas as bene$$e$ que poderão advir. Já dos sórdidos interesses políticos dos Jogos, nem vale a pena falar. Todo mundo está carequíssimo de saber. Entretanto a libertinagem vem de longe. Theodósio I, O Grande, imperador bizantino, achou por bem abolir os Jogos em pleno ano de 394 d.C. na justificativa de que as competições haviam perdido seu verdadeiro espírito e estavam corrompidas. Além do mais os jogos eram considerados uma celebração pagã. Que coisa, hein!?

Hoje, a paz, a amizade, o bom relacionamento, a honestidade, a fidalguia entre os povos, são dizem, ainda os princípios que devem reger os jogos. Ironias à parte, Rússia e Geórgia deveriam ser representados pelos presidentes dos seus respectivos países, que subiriam ao ringue de boxe a fim de resolver as suas diferenças no tapa. Mas ainda há um cabedal de coisas e loisas que têm conseguido tirar o sono e o apetite de muita gente boa nessas Olimpíadas.

Por onde andaram, por exemplo, "las chicas" do vôlei cubano? O pessoal do boxe? Não existem mais atletas por lá? Fugiram todos? Apareceu um cubano, um tal Angel Valodia Matos, do Taekwondo, meio mequetrefe que andou agredindo o juiz e foi, juntamente com o técnico, afastado das competições internacionais. Eu acho é pouco! Não vi a Coréia do Norte! E agora pasmem: soube que há paraibano competindo pela Geórgia! Dizem que tem brasileiro na Itália, na Espanha e Oropa França e Bahia. O que está acontecendo neste mundo de meu Deus? Dizem até, que aquele chinês gigantão joga basquete nos EUA o outro, menor pouca coisa, está na Inglaterra e tem africano na Austrália. Pode?

O lado negativo dessa barganha é que os atletas são cooptados através do sórdido recurso da naturalização. Tem neguinho brasileiro (epa) jogando de goleiro no Vietnam! No Japão! Nas Arábias então, nem se fala! E pode trocar assim, sem mais nem menos de nacionalidade? É o cúmulo! A que ponto chegamos oh, Pindorama! Daqui a pouco só ganhará medalhas quem estiver com as burras abarrotadas de dinheiro.

Parece até que as Olimpíadas viraram balcão de negócio, feito um certo congresso nacional que todos nós conhecemos. Com lei de oferta e de procura. Muitos atletas que por uma razão ou por outra não tiveram o necessário apoio em seus respectivos países são negociados que nem batata-doce, por outras nações evidentemente montadas no ouro.

Seria prudente o COI coibir, (hoje estou terrível) essa prática determinando, por exemplo, que o atleta tenha, pelo menos, no ato da inscrição, a certidão de nascimento do país pelo qual o indigitado pretenda competir. Ou talvez fosse melhor, quem sabe, uma olimpíada apenas de atletas e não de nações. Acaba logo com a palhaçada de hino, bandeira e o cacete a quatro e vamos depositar logo a grana na conta bancária da rapaziada que em última instância são os donos incontestáveis da festa.

Porque não me ufano do meu país

Mister será ter em mente que o Brasil é a terra dos torcedores que se dedicam de corpo e alma a reclamar do desempenho de nossos sofridos atletas, quando na realidade deveriam sacudir suas neuroses nas fuças dos nossos dirigentes incompetentes, para dizer o mínimo, que nada fazem a não ser aparecer quando surge uma câmera de televisão. Essa malta de reclamões deveria era se insurgir contra a total ausência de políticas de planejamento em longo prazo direcionadas ao apoio do atleta. A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), muito provavelmente deve ter pago as passagens de uma récua de dirigentes para a festança em Pequim mas os prometidos ingressos para que a família do César Cielo pudesse assistir a sua vitória nunca chegaram. Pai, mãe e irmã tiveram que pagar do próprio bolso ou ficariam de fora do Cubo d'Água e da alegria da festa. Existem histórias paralelas às Olimpíadas que se viessem à luz fariam corar um senador da república! Li hoje em jornal do sul maravilha que os "convidados" das CBDs, CBFs, e COBs da vida foram 200! Quase o mesmo total de atletas e preparadores. Farra homérica!


Procurem saber em http://colunistas.ig.com.br/flaviogomes o que fizeram com o Pedrão Toledo, técnico do Jadel Gregório em Pequim. A matéria tem o título de: "O Pedrão sabe."

Efemérides...

Participaram da cerimônia inaugural dos Jogos Olímpicos, Beijing 2008, 14.000 dançarinos, dos quais nove mil eram soldados; "tem pai que é cego!" Logo nos primeiros dias, a televisão, rádios e sites franceses abriram grande espaço para discutir o fracasso dos seus atletas. O ministro de Esportes (francês, evidentemente) prometeu realizar uma sindicância na preparação dos atletas para o futuro. Igual que nem aqui em Pindorama.

Pretensão e água benta...

Quem dá conta do fiasco dos nossos atletas? A Rede Globo evidentemente, por trombetear via Galvão Bueno as excelências dos nossos competidores. Fica-se criando uma imagem que não condiz com a verdade. E eles, atletas coitados, acreditam. Ficam se achando os pés da besta. Pan no Rio de Janeiro é uma coisa. Olimpíadas no outro lado do mundo é outra. Ano passado, os EUA em total desprezo e desrespeito aos Jogos Pan-americanos, mandaram o seu time reserva de futebol feminino. Perderam de 5 x 0. Agora, nestas Olimpíadas as gringas do time titular vieram com gosto de gás. Deu no que deu, um resultado nada elogioso, nada justo para as nossas meninas. Lutaram, porém...

E mais uma vez o Galvão Bueno se superou

- Essas meninas jogaram com a alma, com o coração com raça, "a bola é que não quis entrar.” Ora, melhor será sempre ter em mente o velho adágio: -

"Quem não faz, leva!"

A mídia publicitária tem também a sua parcela de culpa. Fica inventando comerciais onde o pessoal aparece como super seres interplanetários. E aí nós é que acreditamos. O pouco que conquistamos se deve única e exclusivamente ao esforço de cada um. Digno de nota foi a sinceridade retratada pelo choro da Mauren Maggi ao ouvir o Hino Nacional no pódio. Chore não, minha linda. A medalha é sua. O mérito desse ouro foi todo seu. Esse país não lhe merece. Seja feliz. Nós devemos muito, principalmente aos "paitrocínios," já que ninguém recebe o mínimo minimorum das autoridades desse governo para a sua devida preparação. Nem passagem de ônibus. Não me apraz citar outros nomes aqui. Vocês sabem perfeitamente de quem, ou o que eu estou falando.

"Acabou! Felizmente acabou!" - Luciano do Vale, repórter da TV Bandeirantes, ao final do jogo Argentina 3 x 0 Brasil.

Acabou-se o que era doce. Deve acontecer agora o encerramento dos Jogos. Não estou absolutamente animado a assistir. Vai que eles acham de fraudar as imagens como fizeram na abertura! Tremendo desrespeito com a garotinha de voz linda porém dentes tronchos! Parabéns aos nosso atletas e se preparem todos para daqui mais uns quatro anos outra patuscada. Quem viver verá!

O custo total para preparação dos Jogos Olímpicos de Pequim foi estimado em 40 bilhões de dólares. É muita grana. E dizem que a China ainda é um país comunista! Também, eles ganham dinheiro com tudo. Desde o mercado fraudulento da pirataria (mostrado na tv) até aos fuzilamentos quando a conta da bala usada na execução é enviada à família do condenado para o devido ressarcimento. Já que na República Popular da China se fuzila adoidado... chega a ser um bom negócio.

O gasto com os Jogos Olímpicos de Atenas há quatro anos foram 12 bilhões de dólares. Quanto se gastará em Londres, 2012? Será que teremos cacife para a promoção do Rio, 2016? E a Copa do Mundo em 2014? Alguém precisa urgentemente dizer ao Pelé para sair dessa. É fria! Por outro lado, nossos políticos vão ter que abdicar das suas benesses, lucros, sinecuras e quejandos. E sacrifício extremo, vão ter que renegar os cuecões e mensalões da vida, bem como esquecer as malas recheadas de dólares enviadas pelas Farc tão pródiga em financiar certas candidaturas tupiniquins. Então, onde buscar essa dinheirama toda pra jogar fora? Na bola da vez? Na panacéia universal? No engana-trouxa da hora? No pré-sal, ora!

Olimpíadas aqui, quar!

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Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Amigo,

Vi ontem, no Jornal da Band, que a farra olímpica (uma olimpiada) nos custou mais de seiscentos milhões; aproximadamente cinqüenta milhões por medalha. É como disse o macaco Simão, fomos pegar um bronze em Pequim...


Grande abraço

Osnaldo