sexta-feira, setembro 05, 2008

A fina arte de falar empolado e não dizer coisa alguma!


Hugo Caldas

Começaram as Paraolimpíadas de Beyjing e ninguém dá a menor bola...

Mas não me interessa em absoluto falar das coisas de Pindorama. Cansei! Cansei de votar e botar lá em cima esses camumbembes que vivem a se locupletar, enchendo as burras de dinheiro sujo, limpo ou mal lavado. Não tenho o mínimo pejo em dizer que muitíssimas coisas que acontecem nesta terra de meu Deus me enojam. A cara do gringo da Sealopra, o Mangabeira Unger, por exemplo. Mas é melhor parar por aqui. Que história é essa de ficar comodamente sentado no meu troninho colocando a culpa no presidente e sua camarilha? Por que, Jota Cristo, se a culpa é nossa! Só nossa! Quem mandou votar nos homens! O pior é que eu nunca votei nesta súcia e sofro por tabela.

Mas se o arrependimento matasse e fôssemos retroagir, chegaríamos ao Pero Vaz de Caminha e sua famosa carta para El Rei na qual ele humildemente pedia uma sinecurasinha para um seu dileto sobrinho. Ah, herança excomungada! Passo o mais do tempo a imaginar o que fazer para sair dessa. Preciso pensar em coisas mais edificantes. Mas o que, Minha Nossa Senhora do Perpétuo Desapontamento?

"Se você não sabe para onde ir não faz diferença que caminho tomar." Dizia o gato da Alice. Sábias palavras do felino esse!

Cheguei a pensar inclusive, em recolher-me à um mosteiro trapista no Tibet. Desisti pois os china-gordos já lá estão, atazanando a vida dos mais! De outra feita pretendi usar o meu precioso tempo fazendo um curso de Aramaico Gutural por correspondência. Coisas assim, bastante úteis. Entretanto, nunca cheguei a uma solução. Por merreca que fosse. Até que algum querubim, lá do mais alto dos céus, condoído da minha situação me enviou por e-mail a tabelinha abaixo. Creiam todos que estou, pelo menos transitoriamente, conseguindo esquecer certas digamos, aftas. Conclamo a todos os cidadãos deste país (sic), em pleno gozo dos seus direitos civis, políticos e mentais, a planificar uma projeção coordenada operacional.

Façamos o seguinte:

Vamos tirar uma palavra de cada coluna e formar uma frase enfeitadíssima, mas que não significa coisa alguma.

Programação - Abrangente - Sistemática
Estratégia - Funcional - Integrada
Mobilidade - Operacional - Equilibrada
Planificação - Dimensional - Totalizada
Dinâmica - Transacional - Consolidada
Flexibilidade - Estrutural - Balanceada
Implementação - Global - Coordenada
Instrumentação - Direcional - Combinada
Retroação - Opcional - Estabilizada
Projeção - Central - Paralela

Quer um exemplo do sucesso? No meio de uma reunião qualquer saia-se com...

"Cavalheiros, trata-se de uma Implementação, Operacional, Coordenada!”!

Faça o teste e forme tantas frases quantas desejar. Absolutamente inúteis! Não servem para nada. Aliás, como tudo neste país. Acho até que o apedeuta tem uma tabelinha dessas. Pior para nós.

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hucaldas@gmail.com

Um comentário:

VIRGOLINO disse...

Hugo: A crônica está genial. Essa linguagem prosopopéica, que não diz nada, está em moda no Brasil, guiado pelo estadista do idioma idiolético, nada ético.
Amigo, neste país dos grampos, já chamado de Grampolândia, estamos todos engrampados.