quarta-feira, outubro 01, 2008

VOTO NULO OU EM BRANCO: MOTIVOS NÃO FALTAM


Breno Grisi

Várias sociedades, algumas tidas como civilizadas, viveram ou amargaram no
passado, o que hoje visualizo no Brasil do século XXI, ao transcrever aqui frases,
afirmações críticas, provérbios e apreciações de fatos, escritas ou ditas por autores ou
personagens famosos e que resistiram ao tempo, graças a países como o nosso.

Assim vejamos:

Tacitus (senador e historiador romano; entre os anos 56 e 117 d.C.): Corruptissima republica, plurimae leges (Quanto mais corrupta é a nação, mais leis ela tem). Assim, temos no Brasil, por exemplo, a mais completa legislação ambiental do planeta. Eis um exemplo de resultado prático:

o “holocausto” da Amazônia continua.

O governo vive enganando a opinião pública dizendo que “as queimadas diminuíram”.

Em 26 de agosto de 2008 o INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais registrou 258 focos de queimadas; a maioria em Mato Grosso. E assim sendo, quando terá o governo coragem de mostrar a somatória da destruição?

George Bernard Shaw (dramaturgo irlandês; 1856 – 1950):

“Ele não sabe nada e pensa que sabe tudo. Isso aponta claramente para uma carreira política”. E ainda deste mesmo autor, o diálogo de personagens de sua peça teatral “Man and Superman”:

─ Mendoza: “Eu sou um bandido. Eu vivo roubando o rico”.
─ Tanner: “Eu sou um cavalheiro. Eu vivo roubando o pobre”.

Seria Mendoza do PCC? E Tanner, qual seria seu partido? Quantas quadrilhas existem no comando do Brasil? Quem são seus verdadeiros chefes? Quem realmente apóia Daniel Dantas?

Provérbio do início do século XIII:

“A ocasião faz o ladrão”. E o provérbio de meados do século XVI: “A oportunidade nunca bate duas vezes na mesma porta”. Em termos práticos, resolveríamos nossos problemas na área governamental fiscalizando melhor as “ocasiões” e as “oportunidades”? Quem seriam os fiscais? Os nobres companheiros dos atuais componentes da câmara e senado?

Provérbio de meados do século XIX: “Melhor o diabo conhecido do que o desconhecido”. Ou seja: vou ter novamente que votar num candidato só para não ver outro pior ser eleito!?

Bertrand Russell (filósofo e matemático inglês, prêmio Nobel da Paz; 1872-1970):

“O homem é um animal crédulo e precisa acreditar em alguma coisa; na ausência de bons motivos ele se satisfará com os maus motivos”.

Devo continuar acreditando nos motivos correntes? E ainda deste mesmo filósofo:

“Mudança é uma questão científica, enquanto progresso é uma questão ética; assim a mudança é incontestável e o progresso é controverso”. O Brasil atual mudou e progrediu?

Ainda a respeito dos motivos para se crer no homem político, Protágoras (filósofo grego, o mais famoso dos sofistas; cerca de 485-410 a.C.) defendia o relativismo cultural, em que não há princípios morais válidos universalmente; as regras morais diferem de sociedade para sociedade.

Seria esta uma justificativa à expressão bem brasileira do “político que rouba mas faz”? (marca registrada do “saudoso” Ademar de Barros). O oposto deste princípio, o objetivismo ético é o meu guia: embora as culturas possam diferir em seus princípios morais, alguns princípios morais têm validade universal; como por exemplo: roubar, mentir, quebrar promessas ... Este tipo de político deve ser execrado na China, Suíça, Coréia, Inglaterra, Japão ... mas no Brasil ele se candidata, é reeleito, toma posse e continua saqueando e enganando os eleitores!

H.G. Wells (novelista inglês; 1866-1946): “A história da humanidade torna-se cada vez mais uma corrida da disputa entre a educação e a catástrofe”. No Brasil, a catástrofe continua à frente, na reta final. Se continuarmos sem priorizar educação teremos chance de vivenciar mudanças? Apesar da queda do analfabetismo, segundo o IBGE divulgou no dia 18 do corrente, o Nordeste tem 19,9% de analfabetos.

Observação complementar à importância da educação e cultura nos foi dada por Mahatma Gandhi (líder nacionalista indiano; 1869-1948):

“Uma sociedade tecnológica tem duas alternativas:

1 - Ela pode esperar, até que falhas catastróficas exponham deficiências sistêmicas, distorções e auto-decepções ...

2 - A cultura pode fornecer checagens sociais e balanceamentos para corrigir distorções sistêmicas, antes de ocorrer falhas catastróficas”.

Estou cansado e decepcionado em viver a primeira alternativa. Quem sabe se não poderemos alcançar a segunda alternativa apagando das páginas atuais da nossa história esta leva maldita dos políticos que ora devemos eleger!

Eadem, sed aliter (Quanto mais as coisas mudam, mais continuam as mesmas).

É triste, mas é verdade.

Nenhum comentário: