domingo, novembro 23, 2008

Deve ter sido assim com Fábio Assunção

MARCUS ARANHA

“Hoje os meios de comunicação informam que Fábio Assunção teria ido para o exterior tratar da saúde. Imaginem se Fábio Assunção fosse negro, pobre e favelado, ou se fosse branco, pobre e morador do subúrbio, ou se ainda fosse sem cor definida, classe média morador da Zona Sul, Barra da Tijuca, etc. Uma pessoa assim se começasse a faltar o trabalho e chegar atrasado, e seus colegas de trabalho e chefes descobrissem que o motivo era o vício em drogas, a esta altura já teria sido demitido. E seus parentes e vizinhos também descobrissem seu problema, já não seria mais visto com confiança dentro da sua comunidade. Se tivesse uma esposa, talvez ela o abandonasse. Aí o infeliz iria à boca de fumo com o pouco que lhe restou comprar seu vício; na saída é abordado pela polícia que lhe toma a droga e lhe dá umas tapas. Humilhado, desprezado por todos, sem emprego, sem dignidade, só lhe resta o vício que precisa manter. Vai tentar conseguir algum dinheiro, roubando, quem sabe uma bolsa, ou pulando o muro de uma residência qualquer. Só que não contava ser pego e levar uma surra por estar roubando. Se for a uma área dominada pela milícia ou pelo tráfico terá sua sentença decretada na hora: vai morrer para aprender a não roubar na área. Pronto, Fábio Assunção morreu...

E o que é pior, sem um tratamento digno dado pelo Estado, afinal se o vício em qualquer tipo de droga é uma doença, se saúde é um direito do Cidadão, por que não existem hospitais públicos exclusivos para tratar da dependência química, com profissionais qualificados e instalações decentes? Se isso existisse no Brasil, até mesmo o Fábio Assunção da vida real poderia beneficiar-se deste serviço público de qualidade sem precisar ir lá para os E.U.A.”

O texto acima rola na Web, provocando discussões entre os internautas.

Fábio Assunção é (ou era?) ator renomado e de primeira água na rede Globo. Meteu-se com drogas acreditando no “consumo recreativo”. Aquela coisa: “vou só experimentar pra ver como é!”. Esse começo é sempre com maconha.

Maconha dá dependência psicológica, pode provocar câncer de pulmão, surtos psicóticos, distúrbios cardíacos, infertilidade e impotência sexual. O uso contínuo prejudica a memória, a atenção e a capacidade de concentração. É o primeiro passo na escalada para drogas mais pesadas. Depois dela, vem a cheiradinha na cocaína. Em seguida a primeira picada. Depois mais outras... Deve ter sido assim com Fábio Assunção.

Não existem hospitais públicos para tratar da dependência química.

A Arquidiocese da Paraíba, desde 2006, mantém no município de Alhandra uma “Fazenda da Esperança”, onde cerca de 25 jovens tentam se recuperar do vício para reassumir seu papel na Sociedade. É resultado de um movimento que surgiu em 1983, em Guaratinguetá (SP), iniciado por dois frades: Freis Hans e Nelson Giovanelli. Atualmente existem mais de 30 comunidades desse tipo no Brasil e no exterior. Nelas 1.300 jovens tentam se libertar do vício, usando o trabalho como forma de sustentação.

Os poderes governamentais da Paraíba deveriam procurar Dom Aldo Pagotto e oferecer-lhe ajuda. Instituições como “Fazenda da Esperança” sempre funcionam a base de donativos. São elas que podem reduzir a dependência de drogas.

Todos que dependem de uma droga, perdem, nesta ordem: emprego, família, auto estima, cuidados com o próprio corpo e, por fim, a vida.

Fábio Assunção, mesmo rico, praticamente, já está sem emprego.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tenho um amigo que não começou com a maconha. Foi direto para a cocaína e depois que perdeu o emprego e não podia mais bancar o preço alto da droga partiu para o crack. Portanto, nem todos viciados começam necessariamente com a maconha, como disse no seu artigo. De uma coisa estás certo, o melhor é não experimentar a primeira vez!