domingo, dezembro 14, 2008

O Reitor e a História


MARCUS ARANHA

Cícero, orador, filósofo e político romano, que viveu entre 106 e 43 a.C., deixou escrito: “A história... testemunha dos tempos, luz da verdade, vida da memória, mestra da vida, arauto da antiguidade”.

E todos sabem que um povo sem História não é nada. A Medicina não chega a ser um “povo”, mas os nossos médicos são muitos e têm o respeito do verdadeiro povo desta terra.

A Medicina da Paraíba tem uma história e dela há uma parte importantíssima sendo destruída pelo tempo. Falo do prédio aonde funcionou pela primeira vez a Faculdade de Medicina, há 56 anos, que se encontra semi-destruído, abandonado, parte dele ocupado por pessoas ligadas ao movimento dos “sem teto”.

Localizado no Varadouro, a direita da Praça 2 de novembro, ao lado do Cemitério Boa Sentença, logo depois de construído abrigou o Serviço de Verificação de Óbitos da Capital.

Criada em 1951, a Faculdade de Medicina começou a funcionar em 1952 nesse edifício. Ou seja, há 56 anos, mais de meio século, no velho prédio da 2 de novembro, professores catedráticos ensinavam a 34 acadêmicos, a primeira turma a formar-se no nosso Estado. Quando a faculdade foi transferida para Rua Alberto de Brito, em Jaguaribe, permaneceram no Varadouro as disciplinas com prática em cadáveres: anatomia, histologia, anatomia patológica e medicina legal.

Hoje, alertados que a antiga escola médica estava desabando, um grupo de médicos liderados pelo Dr. Manoel Jaime Xavier lá esteve e decidiu promover uma reunião na Academia Paraibana de Medicina, onde compareceu o Reitor da Universidade Federal da Paraíba, o economista Rômulo Polari, que se fez acompanhar da Prof.ª Tereza Tavares, diretora do Centro de Ciências Médicas.

Entidades médicas estavam representadas: Fábio Rocha, presidente da Associação Médica da Paraíba; Dalvélio Madruga, presidente do CRM-PB; João Modesto representando a presidência da UNIMED; Romildo Montenegro, dirigente da UNICRED de João Pessoa. Num auditório lotado, estavam alguns octogenários professores que atuaram na velha Faculdade e alunos médicos que integraram a primeira e outras turmas. Foram muitas as recordações e as emoções no peito dos presentes.

Todos ansiosos em ouvir a solução que o Magnífico Reitor teria a oferecer para recuperar a nossa primeira Faculdade de Medicina.

O Reitor correspondeu ao título e foi realmente magnífico: acatou a idéia de restaurar o prédio localizado no Varadouro e nele instalar o Memorial da Medicina e um ambulatório médico funcionando como uma extensão do Hospital Universitário.

Antonio Carneiro Arnaud e Francisco Orniudo Fernandes serão os novos dirigentes da Academia Paraibana de Medicina e, com certeza irmanar-se-ão a Manoel Jaime em defesa dessa causa tão nobre.

Os reitores médicos da Universidade Federal da Paraíba contam-se nos dedos de uma mão: João Medeiros, Humberto Nóbrega e Guillardo Martins.

Rômulo Polari não é médico.

Mas como Deus escreve certo em linhas tortas, caberá a ele, um economista, recuperar o pedaço mais importante da História da Medicina na Paraíba: o berço do ensino médico.

Assim fazendo, ressuscitará uma testemunha dos tempos, na escuridão do esquecimento fará surgir a luz da verdade e dará mais vida a memória da Medicina paraibana.

E o povo da terra tabajara ficará grato a Rômulo Polari por ele lhe ter garantido ainda mais História.

Publicado em o CORREIO DA PARAÍBA DE 14 DE DEZEMBRO DE 2008

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