quarta-feira, março 04, 2009

NO PAÍS DOS BRUZUNDANGAS

Riobaldo Tatarana

O brasileiro que não está hipnotizado pela Globo e ainda consegue prestar atenção ao que de fato se passa à sua volta – uma minoria que encolhe, vá lá - vem observando há muito tempo a escalada do MST.

Uma invasão de fazenda aqui, outra de escritório do INCRA acolá, algumas vacas abatidas para o churrasco do pessoal, destruição e furto das casas da fazenda... E como nenhum de nós se chama Manuel nem mora em Niterói, esperamos que as “autoridades” resolvam o problema – fazendo como todos os países civilizados do mundo (alguns ainda no século XVIII, como a Dinamarca) uma verdadeira reforma agrária. E pondo na cadeia esses agitadores, que acompanham as invasões de longe, por celular, em seus carrões, e recebem a grana destinada “pelo governo” (ou seja, a nossa!) para suas “ONGs”.

A questão agrária não é caso de polícia. É caso de governo, essa coisa tão comum no mundo todo, e que nós teimamos em não ter. Para começar, nosso “governo” funciona nos cafundós de Brasília, aonde ninguém vai a não ser por muita grana – como os congressistas, ministros, marreteiros e outros que tais. E lá ninguém fiscaliza ninguém, pois ou também está na comilança, ou tem de trabalhar para sobreviver – afinal de contas, alguém tem que trabalhar naquela zona! Mas na verdade, o MST não brotou do nada, não foi concebido pelo Komintern, nem patrocinado pelo ouro de Moscou. Ele nasceu dessa sacanagem absurda que é a estrutura fundiária brasileira, inalterada há séculos.

Sou contra o MST, mas ainda mais contra essa escrotidão, que mantém o trabalhador rural como miserável e bóia fria, faz inchar indefinidamente as cidades pelo êxodo rural, centuplica a violência e cria esse estado de coisas. Isso mostra que não há diferença substancial entre Sarney, Collor, FHC ou Lula, entre PMDB, PSDB, PC, PT ou qualquer camarilha dessas, que só cuida de saquear o país. A burguesia não sente esse problema porque só viaja de avião ou helicóptero, mora em bunkers e diverte-se em lugares inacessíveis. Mas nós, classe média como os senhores, ou baixa, como eu, pagamos o pato e enfrentamos a violência cega, vivemos amedrontados e tensos. Estou mentindo? Se não, por que somente eu estou indignado?

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