quinta-feira, março 19, 2009

Turistas

Ontem, fui dar com os costados em uma lanchonete aqui em Boa Viagem. Aproveitei pequeno intervalo na corrida dos passinhos por bancos, pequenas obrigações, compras, dois dedos de conversa mole com o Enedino do Mercado Municipal, campinense dos bons que vende Queijos, de Manteiga e Coalho, Mel de Abelha, Carne de Sol, Cocadas, Sequilhos, Raivas, Bolo de Rolo, Passas de Caju, "Nêgo Bom," a memorável caninha de Triunfo, Doce de Leite e miríades de outras guloseimas que fazem qualquer um degustá-las de joelhos recitando a Salve-Rainha. Enfim, tirei o dia para coisas assim, que sou obrigado a fazer, mercê não usufruir dos préstimos de um secretário particular. Pois bem, voltemos à lanchonete, foi lá que o caso se deu. O caso, eu conto:

Estava eu posto em sossego em uma das mesas saboreando um belo de um sanduíche, desses que levam de tudo um pouco. Súbito, um sujeito com cara de turista, brancão todo, óculos escuros, chapeuzinho ridículo, shorts, cara avermelhada pelo sol nordestino, idade indefinida, sem mais nem porque aboletou-se na cadeira imediatamente em frente à minha.

Até aí, tudo bem. Não sou dono da mesa nem da cadeira apenas achei muito estranho a rispidez. A minha mãe sempre me ensinou a pedir licença, falar por favor, etc. Mas àquele capadócio deve ter acordado de mal com o mundo. Será que a mulher dele dormiu de calça Jeans, pergunto a mim mesmo? E daí? E eu, com isso? Ou será que ele não dá mais pro gasto? Quero nem saber.

Foi quando algo absolutamente inusitado e agressivo aconteceu. O energúmeno deu de garra de um guardanapo de papel e, da maneira mais ostensiva, mais barulhenta e mais espalhafatosa assoou as ventas. A operação constrangedora se repetiu por umas quatro vezes a cada mordida que eu dava no sanduíche.

As pessoas nas mesas ao redor olharam atônitas. Da minha parte fiz o possível para não reagir mas, quando tirei a conclusão de que tudo aquilo era gratuito, puro achincalhe, puro aviltamento disse-lhe com a voz mais calma deste mundo:

- "Mas tanto que a sua mãe lhe ensinou e você ainda não aprendeu, não é? Ela coitada, deve estar agora no inferno se revirando feito louca, de vergonha."

O turista brancão todo, - não sei se do Sul Maravilha ou das Europas - me fuzilou com os olhos. Não disse uma nem duas e se retirou tão bruscamente como chegou. H.C.

4 comentários:

Anônimo disse...

Hugo,
Eu acho que você participou de uma pegadinha...kkkkk
Hebert

Anônimo disse...

Meu caro Herbert
Tenho que o nobre conterrâneo não entendeu bulhufas de todo o acontecido. Assunte um pouco mais e tente ver de outra maneira. Pegadinha? Outra coisa seu Menino também acho que vosmicê está vendo muito os programas do Faustão.
Meuabraço. Hugo

Anônimo disse...

Caro Hugão,
Longe de mim querer desdenhar da situação pela qual passaste. Foi uma invasão de privacidade desnecessária e acintosa. Quero até me solidarizar contigo.
Mas que pareceu pegadinha, pareceu...
Quanto a elas, no Faustão ou não, tem umas bem divertidas, convenhamos...
Abração,
Hebert

Anônimo disse...

"Isso, Hugão! Vamos mostrar pra esses turistas bundões que aqui tem gente educada! Esse cara deve achar que é dono do mundo. Mas é dono apenas de sua grossura de cano de esgoto. Falei. Carlos Mello"