sexta-feira, abril 24, 2009

TORRES


Hugo Caldas

Hoje me deu vontade de falar sobre torres. O termo Torre, do latim turris, designa uma estrutura alta, de arquitetura ou engenharia, em que a altura é bastante superior à largura apresentando uma determinada verticalidade. Pode ser edificada para diversos fins, como defesa, comemoração, etc. De um modo geral pode ser edificada como estrutura independente ou como parte integrante de um edificação e a sua planta pode variar desde circular, quadrangular ou poligonal.

Temos aqui no Recife, o bairro da Torre. Em verdade vos digo: não há nenhuma torre no bairo da Torre. A denominação procede da antiga capela de um engenho instalado nas redondezas em priscas eras. A torre mais famosa da cidade é a Torre de Malakoff. O nome provém de uma torre defensiva perto de Sebastopol, cidade da Ucrânia, e a sua tomada permitiu a entrada na cidade dos exércitos de Napoleão III durante a Guerra da Crimeia em 1855. Há ainda, em Recife, as Torres Gêmeas, sim senhor! Bem alí no final da faixa que vem desde o Cabanga Iate Clube perto do porto. Em sendo área de marinha o IBAMA não queria permitir a construção mas um certo alcaide sapecou a autorização, passando por cima de tudo e de todos e ganhou evidentemente, uns dois apartamentos. É o que dizem.

Este fim de semana "Le Figaro" publicou o resultado de uma enquete que descobriu qual o prédio que os parisienses gostariam que desaparecesse para sempre da paisagem da cidade. Mais de 15 mil pessoas foram consultadas através da internet, e a grande perdedora foi a Tour Montparnasse, com cerca de 35,4% dos votos. À este funesto resultado seguiram-se comentários extravagantes tais como, "verruga de Paris" "candelabro infausto", "torre do mal", e por aí vão mais de uma dezena de epítetos nada recomendáveis à Cidade Luz. Por mim àquela horrenda Pirâmide de Vidro também entraria no pau!

Construído em 1973, o prédio de vidro preto da Tour Montparnasse é o mais alto de Paris, com 210 metros. Como parece não haver um só cristão que se prontifique a defendê-lo o prefeito Bertrand Delanoë já se decidiu em favor de sua demolição. O único impedimento talvez seja o alto custo da árdua tarefa. O prédio que abriga inúmeros escritórios vive principalmente da vista panorâmica que oferece da cidade, mas quem quer admirar Paris do alto dificilmente abre mão da Torre Eiffel.

Cena recorrente em Paris: uma foto tendo ao fundo a Torre Eiffel, de 324 metros de altura e que completa nesse mês cento e vinte anos. É claro que em Paris a Torre Eiffel é o cartão postal predileto. Como a torre é muito alta, ficar distante dela é o remédio para enquadrá-la no visor, já que pode ser vista de qualquer ângulo da cidade.

Francês tem cada uma!

Guy de Maupassant, escritor e poeta francês, não dava a mínima para a Torre Eiffel. De fato ele a detestava como construção que considerava uma estupenda inutilidade. Maupassant costumava, apesar da rejeição, almoçar em um dos restaurantes da Torre não por causa das suas preferências gastronômicas, mas porque lá, considerava, era o único lugar de Paris onde ele não conseguia avistar a Torre, objeto do seu desafeto.

Não é de hoje que os parisienses consideram que a cidade representa tudo para todos. Seus Museus, Teatros, O Sena, com os seus 776 quilômetros, suas Pontes, Restaurantes famosos, que fazem a alegria de qualquer gourmet. Aliás, não apenas os franceses se preocupam com a bela cidade.

Lembram do maluco Adolf Hitler que durante a Segunda Guerra Mundial, ao ensejo da perda da cidade para os aliados que se aproximavam em marcha acelerada ordenou ao comandante da guarnição alemã que reduzisse tudo a cinzas? Felizmente o general tedesco desobedeceu as ordens do doido e em vez de destruir a cidade, entrou para a história. O General von Choltitz tornou-se o governador militar de Paris em 7 de agosto de 1944. As ordens diziam: "A cidade não deve cair em mãos inimigas a não ser completamente em ruínas." Dizem até que um alucinado Führer telefonava de vez em quando com a pergunta malsinada, "Brennt Paris?" ou seja, "Paris está em chamas?" Von Choltitz não só não incendiou Paris como se entregou aos americanos que ele não era bestinha nem nada! Von Choltitz morreu em sua cama em 1966. E Hollywood produziu um filme memorável sobre o episódio.

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2 comentários:

Mary Caldas disse...

Hugão,
O mais interessante da Torre Malakoff é que a sua construção se deu no Arsenal da Marinha na mesma época da Guerra da Criméia.
O jornal Diário de Pernambuco trazia as notícias frequinhas da guerra e o pernambucano logo se engraçou do nome russo Malakoff que não somente batizou a Torre como também deu o nome Malakoff para marchinhas de carnaval, bolachas e até um engenho de açúcar no Município do Cabo.
A Torre servia de Observatório e Telégrafo e o relógio trazido da Inglaterra marcava pontualmente as horas.
É interessante recordar que, de lá, um cometa se mostrou visível no Recife em 05/10/1858 e que o Torreão abria-se também para reuniões sociais, segundo o livro Anais Pernambucanos.
Mary

Alex Sandro disse...

Olá Hugo,

Bela resenha. Tenho ótimas lembranças da cidade, como por exemplo o nascimento de um filho. Mas desconhecia alguns fatos que citas.

Grande abraço,
Alex