segunda-feira, maio 11, 2009

MINHA MÃE

Aline Alexandrino

A primeira lembrança que tenho na vida é de estar de pé, segurando na grade do berço, e tossindo feito uma louca. E em seguida braços ao meu redor me dando carinho e conforto. Tinha cerca de 1 ano e pouco de idade, estava com coqueluche, e conseqüentemente minha lembrança primeira é do amor e do apoio da minha mãe (Graças a Deus, a segunda lembrança é de ver o Carnaval passar na minha porta – meu primeiro alumbramento – e tinha mais ou menos a mesma idade). Aos 5 anos, descobri que ela não era minha mãe biológica, em função da inveja de uma vizinha, que teve a pachorra de ir à escola onde eu estudava, durante o recreio, para me contar a "verdade". Coitada! Não sabia que a verdade era bem maior que isto. Chorei como uma desesperada, até que a professora sem saber o que fazer, porque eu não dizia o motivo do choro, mandou chamar minha mãe que me levou pra casa e conseguiu, a duras penas, que eu contasse o acontecido. Lembro bem que ela deu um grande suspiro e disse, quase zangada:

- "Eu sou mais sua mãe do que se você tivesse saído de minha barriga, porque eu escolhi você e as mães de barriga não escolhem os filhos."

Fiquei achando aquilo o máximo (ter sido escolhida) e nunca mais pensei no assunto. Ah! Quanto à vizinha, minha mãe saiu de casa em seguida e nunca soube o que ela fez ou disse, mas o fato é que a tal mulher nunca mais passou nem pela calçada lá de casa.

Assim era a minha mãe, Dona Zefinha, uma pessoa que só concluiu o primeiro grau quando eu já tinha concluído há anos e que, junto com meu pai (outra figura!) me proporcionou todas as oportunidades que tive, sempre do meu lado nas horas mais difíceis e comemorando nas horas alegres, e que fez a passagem há 10 anos atrás. Sinto falta dela e do meu pai até hoje, todos os dias em que as coisas estão boas ou ruins, mas sei que continuam comigo enquanto me restar consciência e memória.

Por meio dela, homenageio as mulheres que escolheram filhos, e que às vezes são tão pouco compreendidas. Ainda hoje, se bem que as coisas estão mudando aos poucos, a adoção não se faz na freqüência com que deveria acontecer, inclusive em função da necessidade de milhares de crianças que não tiveram a sorte que eu tive, e continuam em orfanatos e asilos, com a vida passando por elas, sem que possam participar. Que todas elas tenham tido, tenham e venham a ter todos os dias, um belo Dia das Mães...

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