segunda-feira, novembro 30, 2009

Cartas da Alemanha


Caro Hugo Aqui a minha tradução do texto em inglês sobre "El amor brujo" de Manuel de Falla. Confira por favor. Fábia

El amor brujo

Oh, eu não sei o que sinto nem o que se passa comigo
Quando esse maldito cigano não está ao meu lado!
Velas em chamas que ardem...
Mais arde o inferno que me faz o sangue ferver de ciúmes!
Ah! Quando o rio murmura, o que significa?
Ah! Apaixonado por outra mulher, ele se esquece de mim!
Ah! Quando o fogo abrasa, quando o rio murmura...
Mesmo se a água não apaga o fogo, o penar me condena!
Meu amor me envenena!
Meu sofrimento me mata!
Ah! Ah!


Até os dias atuais a minha timidez e desconfiança nunca haviam me permitido que eu proporcionasse à mim mesma um espaço para atuar como fotomodel e atriz. Mas uma alta dose de sensibilidade e uma certa dramaticidade sempre me acompanharam e agora com os meus 48 aninhos resolvi “perder a vergonha “e aceitar um convite vindo de uma colega de Faculdade, casada com o fotógrafo Rolf Buergin”.

Sim, por quê não, se até mesmo minha mãe, mulher linda e severa, nos últimos tempos de sua vida me declarou que foi preciso envelhecer para perder a vergonha e tirar as roupas na frente do doutor!

Bem, ainda que não por uma necessidade de saúde física, foi por necessidade de expressão mesmo. E por paixão ao meu trabalho com arte. Deixei-me guiar pela música El amor brujo de Manuel de Falla e com isso obtivemos uma série de fotografias maravilhosas. Esta é uma de minhas preferidas, um momento dos momentos de emoção e momento único porque não serei capaz de repeti-lo.

A decisão de aceitar o convite para atuar como modelo foi coisa recente e voltada ao objetivo de trabalho conjunto: Rolf Buergin com seu olho, sensibilidade e conhecimento técnico da fotografia e eu como modelo, performancer e atriz. A finalidade é de realizar projetos. Coisa que tenho feito a minha vida inteira, com e sem dinheiro e não compreendida.

Pouco importa. A vida não é eterna. Tudo passa e nós também. O que fica é a lembrança daquilo que fazemos de bom. E julgo, talvez sem modéstia alguma, que fazer isso é algo muito bom. Não apenas pra mim. Afinal beleza não traz felicidade para quem a possui, posto que efêmera, mas para quem a sabe apreciar mesmo em sua efemeridade, assim como me foi mostrado através dos olhos do fotógrafo.

Um grande abraço
Fábia de Carvalho
Novembro de 2009

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