quinta-feira, novembro 26, 2009

Penso Em Voz Alta

Maria Helena Rubinato R. de Souza

Estou impressionada com o moralismo dos brasileiros. Parece até que somos um país de santos de altar.

Os que mais se chocam com a revelação de uma traição conjugal são os homens! É muito engraçado. Quem lê ou ouve há de achar que o homem brasileiro nunca trai sua mulher, que casou, morreu para o mundo! Que são absolutamente fiéis e que nem sequer olham para o lado quando caminham na rua...

É muita hipocrisia, gente.

Quando Fernando Collor fez aquela barbaridade com a filha do Lula, o que mais me chocou foi saber que ele fez aquilo porque sabia que isso afastaria eleitores horrorizados com o fato do Lula ter sugerido – se é que é verdade, eu não tenho motivos para acreditar na palavra daquela senhora – uma interrupção da gravidez, como se aqui em nosso país isso não fosse prática corriqueira, da pior espécie possível, sem cuidados médicos, sem higiene. Vi muito pouca gente horrorizada com o fato dele estar usando uma menina, sem pensar nos sentimentos dela, na sensibilidade dela, na enorme vergonha que ela ia passar numa idade já por si complicada. Essa maldade é que me chocou. E não o que os ex-namorados fizeram um com o outro.

Depois vieram as notícias dos filhos do bispo paraguaio. Com certeza nunca se ouviu falar de filho de padre no Brasil... Tirando uns que até são figuras da História do Brasil, não é?

Agora a vítima da vez é o presidente FHC que cometeu – “oh! que horror! como pode um cidadão brasileiro fazer isso? Adultério!”

Tem gente batendo no peito e escrevendo nos blogs: logo em época de eleição!

Além da caquetice, da falsa moralidade, de criticar nos outros o que a grande maioria faz mesmo, FHC é candidato a que?

Isso fica muito ridículo porque não há santos nem na situação nem na oposição.

Desculpem, mas isso eu acho que é problema exclusivamente pessoal. Não acho que um Chefe de Estado seja melhor ou pior em sua função se trair ou se for fiel à sua mulher. E uma coisa não tem nada a ver com a outra: se ele enganou a mulher, ele vai enganar a Nação? Se fosse assim simples...

E os muito felizes e que não traem suas mulheres e são uns ditadores de marca maior? E os assexuados, que são às vezes os piores? E os santarrões, como exemplos recentes na História do Mundo, mas que todos sabem que suas vidas não eram um livro aberto?

Não estou me referindo a internautas, mas a pessoas que conhecemos na vida real: podem olhar em volta. Os que estão mais horrorizados, os que mais criticarem quem não é fiel, homem ou mulher, aliás, pois as mulheres também traem, esses são os mais infiéis. Gostam muito de citar Nelson Rodrigues, não é? Vira e mexe leio seu nome verdadeiramente imortal. Pois tratem de ler as magníficas crônicas que ele escrevia sob o título “A vida como ela é”. Está tudo lá.

E nós, os de fora, os que não estamos diretamente envolvidos, os que não somos o cônjuge traído, nem seus filhos, o que é que temos a ver com isso?

Na vida pública, esse fato corriqueiro, insisto, corriqueiro, só nos interessa se houver filhos e se eles forem abandonados, desamparados, maltratados, porque isso é falha de caráter grave. O homem que não assume um filho é um covarde de marca maior. Mas é preciso que se tenha certeza disso antes de julgar, certeza que às vezes a própria mulher não tem... Jogar pedras antes disso é tão covarde quanto a pior covardia.

Ou se houver corrupção envolvida. Se houver dinheiro público, empreiteiras recebendo favores, se houAlguém entusiasmado com o texto de MH andou reclamando por uma biografia da jornalista. Vejam o que ela própria diz no seu Blog: "Meu perfil será feito por vocês que frequentam o Sobre Isso e Aquilo. Só adianto que sou colaboradora entusiasmada do Blog do Noblat, onde tento aprender, com o mestre e amigo, duas coisas que julgava impossível aprender na tenra idade em que estou: ser mais paciente e menos rebelde." Já morou no Recife. É filha do Adoniram Barbosa. HC.ver verbas desviadas para sustentar essas situações. Aí nos interessa e muito.

Fora isso, não é problema nosso.

N.R. Alguém entusiasmado com o texto de MH andou reclamando por uma biografia da jornalista. Vejam o que ela própria diz no seu Blog: "Meu perfil será feito por vocês que frequentam o Sobre Isso e Aquilo. Só adianto que sou colaboradora entusiasmada do Blog do Noblat, onde tento aprender, com o mestre e amigo, duas coisas que julgava impossível aprender na tenra idade em que estou: ser mais paciente e menos rebelde." Já morou no Recife. É filha do Adoniram Barbosa. HC.

2 comentários:

Anônimo disse...

Seria bom um pequeno comentário, biografia da Maria Helena Rubinato.

Muito bom o que ela escreveu sobre a hipocrisia estampada no Brasil.

Fábia disse...

Lucidez, verdade, sinceridade. Assim que interpreto as palavras da Sra. Maria Helena Rubinato que me levam a lembrar também do caso do Presidente Clinton nos EUA.
O que deve ser focalisado na vida do político é o desempenho profissional e não o sexual. Deixemos isso para a vida pessoal de cada um. Privacidade a quem todos nós temos direito.
Um abraço
Fabia de Carvalho