domingo, abril 18, 2010

Cenas antológicas do cinema

Zorba, o Grego originalmente intitulado, Alexis Zorbas, é um filme greco-americano de 1964 baseado no romance "Zorba, o grego" de Nikos Kazantzakis. Dirigido por Michael Cacoyannis, o personagem título foi interpretado magistralmente por Anthony Quinn, que não era grego coisa nenhuma. Na verdade Quinn era mexicano de nascimento, americano naturalizado e filho de pai irlandês com índia mexicana. O elenco de apoio incluiu Alan Bates, Irene Pappas, Lila Kedróva e outros. O tema musical, "Sirtaki" de Mikis Theodorakis, tornou-se famoso e popular como canção e como uma dança, especialmente em festinhas pelo mundo afora. O filme foi rodado, na ilha grega de Creta. As locações incluem também a cidade de Chania, a região Apokoronas e a península de Akrotiri. A famosa cena, em que a personagem de Quinn dança o Sirtaki, foi filmada na praia de Stavros.

Curiosidade histórica relatada pelo próprio Quinn;

- "Faltava apenas uma semana para terminar Zorba e no penúltimo dia de filmagem eu quebrei o pé caindo de uma plataforma de cinco metros, numa pedreira. O estúdio providenciou uma ida a Atenas e a filmagem foi interrompida até a minha volta.

Voltamos a Creta quatro dias depois para terminar o filme. Faltava uma cena. O médico não havia engessado o meu pé porque, nesta cena final eu deveria dançar na praia com Alan Bates. Ele apenas imobilizou com bandagens e esparadrapos, de modo que eu pudesse tirar as ataduras no último momento e recolocá-los o mais cedo possível, logo que terminasse. A dança exigia que eu pulasse, jogando o pé, mas eu não conseguia pular com o pé quebrado - certamente não com o entusiasmo de um grego cheio de paixão como Alexis Zorba.

Cacoyannis estava mais preocupado com a cena do que com o meu pé, e não era para menos. Ele não queria perder mais tempo e dinheiro.

- Como vamos fazer com a dança? - perguntou quando viu o estado do meu pé.
- Não se preocupe, Michael. Pode rodar a tomada que eu danço. Bote a música pra você ver.

- E dancei. Não consegui levantar o pé e voltar a apoiá-lo - a dor era insuportável - mas descobri que podia arrastá-lo sem grande desconforto, então inventei uma dança com um novo passo, arrastando o pé para o lado. Abri os braços na tradicional postura grega e deslizei na areia. Alan Bates pegou o movimento e nós dois fomos erguidos pela música e pelo mar, erguidos de braços dados para um lugar espiritual, fora do mundo, muito longe daqui. Éramos gregos renascidos, celebrando alegremente a vida. Não tínhamos a menor idéia do que estávamos fazendo, mas o sentimento era forte, era bom. (Melhor que fosse mesmo forte e bom porque era o máximo que eu conseguia com aquele pé desgraçado)."

(Extraído de "One Man Tango" - sua autobiografia).

O resto, bem, pelo que vimos na cena de hoje, entrou para a história do cinema. HC.

4 comentários:

Fábia disse...

Oi Hugo!
Que alegria eu tenho em rever um pedacinho deste filme que é um dos meus absolutamente prediletos! Assim como é também o livro Zorba, o Grego!
Lembrei de certa vez, num restaurante grego em Zurique, onde me reuni com colegas de trabalho. Todos estávamos sentados até que um dos músicos veio até a mesa e me chamou para dançar de modo cortês. Foi a primeira vez que dancei com um grego, assim como neste filme. Quando a música parou, músico falou grego comigo... E admirado ele perguntou: você não é grega? Respondi em alemão: "ich bin in Brasilien gebohren!" (nasci no Brasil). Sorri e agradeci pela oportunidade. Nesse estado de espírito, celebrando a vida, a gente tem todas as nacionalidades!
Bom domingo!
Fabia

Mary Caldas disse...

Linda a seleção do filme, Hugão, "Zorba, o grego" do ator sempre admirável Anthony Quinn. Um presente para esse domingo.
A beleza da cena de dança não revela a dor que ele deveria estar sentindo com o pé (qual dos dois) quebrado.

Linda também a cena da vida real da dança grega de Fábia no comentário.
Parabéns aos três você, Fábia e Quinn naturalmente.

Márcia Barcellos da Cunha disse...

Hugo,

Linda descrição de toda emoção que sentiram enquanto dançavam!!!Foram longe...E foram mesmo! A música eleva. É um mistério o que a música consegue fazer... Maravilha esta página do blog. Grande abraço. Márcia

Mariana disse...

Gosto de rever a cena sempre que preciso de energia
Obrigada