quarta-feira, junho 30, 2010

Pesquisas eleitorais

Peter Hof

em 17 de junho de 2010 Opinião - Política

Resultados nas eleições colombianas demonstram como pesquisas eleitorais podem errar, e muito.

Existem coincidências que merecem ser olhadas com cuidado. Até poucos dias antes da eleição presidencial colombiana os institutos de pesquisa davam como certo um empate técnico no primeiro turno. Abertas as urnas, o candidato do presidente Uribe, José Manuel Santos, teve 46,3% dos votos e Antanas Mockus, o darling da imprensa internacional e alegria dos seguidores do títere venezuelano, ficou com 21,7% dos votos.

Tive oportunidade de ler sobre a metodologia aplicada e em quase quarenta anos trabalhando em pesquisas jamais vi uma amostra tão mal desenhada. Some-se a isso uma pitadinha de má-fé da esquerdizóide e estava armado o imbróglio: a “voz das urnas” deu a sua resposta, bem diferente da dos pesquiseiros.

Aqui no Brasil já tivemos muitos casos semelhantes em passado recente, mas um chama a atenção em especial. Qual instituto de pesquisa ousou mostrar, as véspera do Referendo de 25/10/2005, que o Sim, com o respaldo de ONGs apoiadas financeiramente por organizações estrangeiras e o despudorado suporte das Organizações Globo e da dita “grande imprensa” iria ter 36% de apoio da população, enquanto o Não, enfrentando todas as dificuldades - que foram de informações mentirosas a um inquestionável bloqueio da imprensa, iria receber 64% de apoio da população? Vejam que no caso do Referendo a coisa era mais fácil de acertar do que quando se tem muitos candidatos, como no caso de uma eleição presidencial (no caso brasileiro, em especial). No Referendo havia apenas quatro opções: Não, Sim, Nulos e Em branco. Tanto é verdade que os brancos e nulos somaram apenas 3,1% dos votos, um percentual desprezível. Mesmo assim o máximo que li na imprensa, nos dias que antecederam o Referendo, foi que quem quer que fosse o vencedor o seria por uma diferença mínima. Não sei o que essa turma chama de mínima, mas certamente a diferença de vinte e oito pontos percentuais ou 25,8 milhões de votos não é, na minha humilde opinião, tão pouco assim...

As minhas escolhas eleitorais são simples: o candidato deve ser do mesmo matiz político em que me enquadro e defender as mesmas idéias que eu. Assim sendo não tenho nenhuma simpatia por nenhum dos candidatos, em especial pelo senhor Serra devido a sua posição durante o Referendo quando defendeu na “grande imprensa” o desarmamento do cidadão de bem. Da senhora Dilma, também conhecida como companheira Stella, quero maior distância ainda. Mas sou obrigado a reconhecer que as pesquisas que mostram uma ascensão meteórica da “companheira em armas” me causam espécie. Isto está me cheirando a uma nova Colômbia.

É preciso também lembrar que o eleitor é, em parte, responsável por este estado de coisas. Façam a experiência: perguntem a um número razoável de pessoas em quem eles votaram para vereador ou deputado na última eleição ou a que partido seu candidato é filiado. Eu tenho feito a experiência e o resultado é desalentador. Poucas pessoas lembram o nome do candidato em quem votou e menos ainda no partido de seu candidato.

Quem quiser saber mais sobre o assunto em questão leia o excelente artigo do sempre bom Denis Lerner Rosenfield intitulado Descompasso, que foi publicado no jornal O Globo de 7/6/2010. Um parêntesis: Rosenfield é professor de filosofia da Universidade Federal do Reio Grande do Sul e talvez a única voz discordante do “esquerdismo patético” que assola o corpo de jornalistas do jornal dos Marinho. Ele e a jornalista Cora Ronai foram os dois únicos jornalistas do Globo com a coragem para defender o Não no Referendo de outubro de 2005 em artigos arrasadores. Eu não sei como o Globo ainda não mandou os dois embora como fez com Olavo de Carvalho e Reinaldo Azevedo. Pode ser aquela estratégia do “Vejam bem, todos os matizes têm vez no nosso jornal”.

O artigo em questão analisa uma pesquisa do Datafolha de 30/05/2010, publicada na Folha de São Paulo. A pesquisa buscava trazer dados sobre o posicionamento ideológico do eleitor brasileiro.

Apenas para dar uma pequena idéia da confusão mental que assola o nosso eleitor, 54% dos entrevistados se declararam de centro até extrema direita, enquanto apenas 20% se consideram de centro-esquerda até extrema esquerda. Alguém pode me explicar se este é o perfil dos senadores, deputados, vereadores, prefeitos e governadores? Outra “preciosidade”: entre os que se declararam simpatizantes - acredito que sejam também os eleitores – do PT, 51% dos respondentes se declararam de centro até extrema direita. PT de extrema direita? O colunista aceita explicações...

Reproduzido do Midia@Mais
Peter Hof é escritor e empresário.

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