quinta-feira, julho 22, 2010

PARA ONDE VAMOS?

Peguei emprestado no BLOGSTRAQUIS do Moacir Japiassu. HC

RANGEL CAVALCANTE

Para onde vai um país em que um em cada três dos seus habitantes recebe dinheiro do governo sem trabalhar? A indagação vem a propósito da declaração
do presidente Luiz Inácio Lula da silva de que legará ao seu sucessor um país em que uma em cada três famílias receberá o benefício da bolsa-família, um universo de 63 milhões de brasileiros. Isso significará o mesmo que sustentar na ociosidade toda a população do Uruguai, Paraguai, Bolívia e ainda a metade dos 40 milhões dos hermanos argentinos.

Nunca na história desse planeta se viu um assistencialismo de tamanha dimensão. Isso significa que dois de cada três brasileiros terão que trabalhar e pagar os impostos mais escorchantes do mundo para sustentar um terceiro que não faz nada.

Ora, o companheiro Raul Castro alertou no ano passado que esse tipo de espécie de cupim que devora os mais elementares princípios da família. Os cubanos, que inventaram a bolsa-família antes de FHC, concluíram que esse tipo de ajuda é um péssimo exemplo para as crianças que vêm os pais ganhando dinheiro do Estado sem fazer nada e assim logo adquirem o vício da ociosidade remunerada. Tanto que as autoridades cubanas decidiram mudar a coisa, depois que uma pesquisa constatou que arranjar um emprego e trabalhar é a sétima prioridade dos jovens do país.

Há anos havia no Brasil as famosas frentes de serviço que socorriam os nordestinos nos períodos de seca. Legiões de homens e mulheres eram alistadas e recebiam dinheiro e comida do governo. Em contrapartida, trabalhavam na construção e recuperação de estradas, açudes e outras obras públicas em toda a região. Mesmo assim eram criticadas por casos de corrupção e por sofrerem a influencia do coronelismo. Essas frentes não viciavam nem humilhavam o cidadão. E nem criavam uma legião de parasitas vivendo em simbiose com os
cofres públicos.

A malha rodoviária do país está em frangalhos. Assim como os portos, as escolas e os hospitais públicos. Acabaram as ferrovias, que a Europa e os Estados Unidos continuam construindo. E as poucas obras viraram o imenso bolo com a qual se banqueteiam as empreiteiras, quase sempre escolhidas por processos viciados. Está na hora de o governo repensar esse assistencialismo demagógico. Vamos dar dinheiro e comida a quem necessita. Mas em troca de algum trabalho.

O Brasil precisa disso. Do contrário já se pode vislumbrar muito bem para onde um país em que grande parte de seus habitantes esquece aquilo que o companheiro Raul Castro chamou - repetimos - de necessidade vital de trabalhar. E o maior risco é o de nos transformarmos pelo voto numa ditadura democrática como a do companheiro Hugo Chávez.

Um comentário:

Hugo Caldas disse...

Quando eu era rico e gozava de boa saúde, costumava freqüentar um restaurante aqui no Pina, Recife que servia um rodízio de camarão à preço de bananas. Até fiz amizade com alguns garçons, especialmente o Honório, pessoa cortês e obsequiosa. Outro dia me aventurei à uma visita e perguntei pelo Honório. Resposta:

- "Ah, professor, a mulher dele arrumou uma Bolsa-Família e agora ele fica em casa no bem bom!" Pode? Pode! Hugão