terça-feira, agosto 17, 2010

Metidos a Ricos

Girley Brazileiro

Esta semana ouvi um interessante comentário do jornalista Carlos Alberto Sardemberg chamando a atenção dos brasileiros para um fato no mínimo curioso: a novíssima seleção brasileira jogou contra a dos Estados Unidos num estádio de futebol, ainda não inaugurado, na cidade de Nova Jersey, numa partida amistosa. O Brasil ganhou e começou assim a Era Mano Menezes. Mas, o mais interessante foi o comentário sobre a moderna praça de esportes, com os mais sofisticados recursos de que se tem conhecimento, construído pela iniciativa privada, numa parceria entre dois times de futebol importantes e tidos como ferrenhos rivais. Vejam que coisa mais civilizada e lógica: dois “inimigos” nos gramados unem-se para, com inteligência empresarial, construir um novo estádio, necessário à prática esportiva. Coisa do tipo: inimigos, inimigos... mas, negócios à parte! Quando isso aconteceria no Brasil?

Nesta mesma semana, assisti, numa entrevista pela televisão, um dirigente do Sport Clube do Recife anunciar, para breve, a implosão do atual estádio da Ilha do Retiro para dar lugar a uma arena esportiva moderna e à altura do torcedor exigente destes atuais tempos.

Com perplexidade vejo, pela imprensa, o Governo do Estado divulgando o inicio da construção do que chama de Cidade da Copa. Fico espantando com tanta irracionalidade governamental. Um investimento que, no final das contas, não vai sair por menos de Um Bilhão de Reais, deixando os que gozam de sã consciência, neste velho Pernambuco, abismados com tamanho absurdo. Ora, meus caros leitores e leitoras, como se admite que um estado, pobre como o nosso, venha dispender tão vultosa soma de escassos recursos financeiros numa obra fadada ao abandono?

Já falei disso, neste mesmo espaço, ano passado quando o projeto foi bombasticamente anunciado (vide foto da maquete, a seguir) dando meu palpite que o tal estádio vai se transformar num campinho de peladas inexpressívas, à medida que nossos clubes têm seus próprios estádios e não pretendem aposentá-los. Ao contrário, querem modernizá-los ou construir novos.

Em Manaus, no ano passado, ouvi o protesto de um motorista de taxi com o anúncio da implosão de um estádio, creio que municipal, inaugurado há poucos anos e com todos os pré-requisitos para uma rápida reforma ou mesmo uma “maquiagem”. Em Salvador a Fonte Nova já está sendo derrubada, para dar lugar a uma Nova Fonte Nova, esta justificável porque não tinha jeito, a Fonte Nova estava velha e caindo aos pedaços, provocando acidentes fatais. O Maracanã vai passar por uma reforma esperta e muito cara. Quanto dinheiro publico, meu Deus... No meio disso tudo, temos um bom exemplo, apenas, em São Paulo, onde o governo estadual “bateu o martelo” e disse não à gastança em estádios com verbas públicas.

Diante disso tudo, fico assustado com o desperdício de dinheiro que vai rolar neste país. Impossível não concluir que muito nego vai encher os bolsos, para se sustentar o resto da vida e as dos seus descendentes. No prejuízo fica a sociedade passiva e alienada, que não vai ter dinheiro para assistir nem uma partida de jogos da Copa e contemplará, anos depois, um “elefante branco” nas brenhas suburbanas do Recife. Ao mesmo tempo, claro, continuará sem segurança, educação, transporte público digno, saúde publica e outras coisinhas mais prioritárias, necessárias à construção de uma sociedade sadia e feliz.

Sem querer correr o risco de pensar pequeno, acho que o povo brasileiro não pode ficar alheio e engessado diante dessa farra financeira e das roubalheiras que se projetam sob a égide de Copa e Olímpiadas.

Em Pernambuco caberia, isto sim, uma parceria do tipo PPP (Parceria Publico Privada) com algum clube local para a reforma de um dos estádios existentes na cidade e não esse absurdo que começam construir. Ganharia o Clube parceiro, os torcedores, a sociedade e o Governo, que pouparia um bom dinheiro redirecionando-o para outras áreas carentes, incluindo, por exemplo, a infraestrutura viária da capital e de circulação intermunicipal necessária para o sucesso da Copa.

Segundo Sardemberg os americanos são uns "pobres coitados" e nós é que somos os ricos. Para mim, somos Metidos a Ricos.

Nota: Peguei emprestado no Blog do GB

2 comentários:

thysaez disse...

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thane disse...

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