domingo, agosto 22, 2010

ISOLA, PÉ DE PATO, MANGALÔ, TRÊS VEZES ... (ou cultura inútil...)

Vejam Vocês como a postagem do meu "Desalento" surtiu um efeito inesperado. A Musa Tialine achou o Blog muito idéia fixa e enviou o texto abaixo. Grato, Titia HC.

HUGÃO

Acabo de receber o blog desta semana e notei que está tipo samba de uma nota só, com exceção da postagem de Celso Japiassu. Só pra diversificar um pouquinho, estou mandando abaixo uma postagem de cultura inútil, mas interessante, para aqueles que apreciam uma boa comida. Da Tia.

Aline Alexandrino

Conversando com uma colega da Botânica (fui professora da UFPE por 30 anos), não sei a propósito de que soltei aquela velha expressão: Isola, pé de pato, mangalô, 3 vezes. Ela riu e perguntou se eu sabia o que era mangalô. Eu disse que achava que era algum vocábulo nagô, ou coisa que o valha, e ela riu mais ainda e disse:

- Não, é uma Faseolácea...
- O que? Disse a ignara aqui. Que diabo é isso?

Ela aí me explicou que era uma espécie de feijão, com o qual se preparavam comidas deliciosas. Pensei que ela estava tirando onda com minha ignorância e resolvi pesquisar. Pois não é que ela tinha razão!

Mangalô é um tipo de feijão, conhecido pelos entendidos como Phaseolus lunatus L., e chamado pelo povão de feijão-de-lima, fava-belém, feijão-farinha e mangalô-amargo. É originário das Américas (se ainda me lembro bem, da Guatemala), cultivado principalmente nos estados do Nordeste brasileiro e os grãos, geralmente achatados, são de forma, tamanho e padronagem bem variados. Os grãos têm um certo grau de amargor, mas se preparados corretamente são cremosos, saborosos e fazem deliciosos ensopados e saladas. Precisam apenas ser reidratados em água, escorridos, aferventados em água limpa, jogada fora posteriormente, e colocado em água quente nova, para tirar o amargor.

Quanto à frase que originou esta estória, deve-se ao falar jogar para o ar 3 grãos de mangalô, para espantar mau olhado. Suponho que como nem sempre o feijão está à mão, bate-se na madeira para substituir os grãos. Mas não tenho certeza.

Para não deixar os leitores do blog sem o tratamento completo, seguem abaixo as fotos do mangalô, sempre com o feijão comum correspondente, à direita, para facilitar a comparação, acompanhadas de uma receita que parece ser deliciosa...Feijão de Lima, RoxinhoFeijão de Lima rajado, preto
Feijão de Lima rajado, vermelhoFeijão de Lima, manteiga
Feijão de Lima, branco

Feijão de Lima, Beige

RECEITA DE MANGALÔ/QUITANDÊ
- 01 kg de mangalô
- 01 cebola pequena picada
- 01 dente de alho picado
- 01 colher de sopa de cebolinha picada
- 01 colher de sopa de extrato de tomate
- 01 colher de sopa de coentro picado
- sal a gosto
- 02 colheres de óleo de soja

Modo de preparar:

Refogam-se todos os temperos e por último acrescenta-se o mangalô. Cozinhe o mangalô com todos os temperos até que o mesmo fique com pouco caldo depois de cozido.
Obs: É opcional a retirada da casca do mangalô. Caso se queira tirar a casca, basta dar uma pequena fervura.

Ingredientes da moqueca de camarão:

Obs: A moqueca será misturada ao mangalô pra virar o quitandê.
- 01 kg de camarão fresco sem casca
- 01 tablete de caldo de camarão
- 02 colheres de sopa de azeite doce extra virgem (opcional)
- 02 colheres de sopa de azeite de dendê
- 02 colheres de sopa de leite de coco
- 01 colher de sopa de cebola picada
- 01 colher de sopa de coentro picado
- 01 colher de sopa de cebolinha picada
- 01 dente de alho picado ou amassado
- 01 colher de sopa de extrato de tomate
- sal a gosto

Modo de preparar:

Refogar os temperos, depois acrescenta-se o camarão até cozinhar. Quando estiver quase cozido, coloca o dendê, o leite de coco, o extrato de tomate e, se quiser, o azeite doce.

Depois de feita a moqueca de camarão, misture com o mangalô, deixando um pouco de caldo, e sirva com arroz branco.

3 comentários:

Carlos Mello disse...

Cultura inútil que nada, Tialine! Essa é que a verdadeira cultura útil, pois nos traz para perto de nossas raízes, de nossa culinária e de nossa fé ingênua. Cultura inútil, e até prejudicial e nociva, é essa que está aí, defendida pelos políticos, a cultura da safadeza, da falta de caráter e da escrotidão. Carlos Mello

Hugão disse...

Minha Tia
Levo ao conhecimento da macróbia parente que este Blog em Outubro de 2008 postou uma matéria do meu primo Guy Joseph sobre um outro feijão que se encaixaria perfeitamente nestas suas notas.
A postagem tem o nome de: Feijão Guandu - Um Injustiçado.
Seu Sobrinho que é chegado a um feijãozinho. Hugão

Aline disse...

Macróbia parente é a... (sem o devido respeito)Tia