segunda-feira, novembro 15, 2010

Depois do Vendaval

Hugo Caldas

Meus Caros Amigos:

Em verdade vos digo, antes de qualquer coisa, que após a segunda cirurgia e enxergando tudo na maior clareza e nitidez, alardeio aos 7 mares que faz-se necessária uma mudança de rumos no conteúdo do Blog. Não tenho mais saco para ficar queimando a mufa com essa politicalha malcheirosa. Eu não mereço e muito menos o país. Me limitarei a postar os costumeiros textos dos vários amigos e colaboradores ou no máximo reproduzir o que encontrar de interesse. Pretendo tratar de coisa mais saudável. Algumas memórias, por exemplo. Não estou me acomodando, nem um pouco, apenas acho que já dei a minha contribuição e desde o mundinho virtual onde me propus exilar, assistirei de camarote o que tenho certeza está por acontecer. Quem viver verá! HC

Agora que o excomungado vendaval eleitoral passou, umas tantas e últimas constatações se fazem necessárias:

1 - Os 44% que votaram com a oposição não votaram só contra a candidata inventada. Votaram principalmente contra o padrinho da dita cuja, Luís Inácio. Portanto, a tão propalada aprovação de 80% é irreal.

Vamos aos números:


2 - Os que não quiseram votar em ninguém somaram 35 milhões.


3 - Votos nulos: 4.658.330............ (4,40%).

4 - Votos em branco: 2.444.375....... (2,31%).


5 - Abstenção: 28.899.290..... (21,44%).


Trocando em miúdos:
Dilma, vitoriosa, teve 55 milhões de votos. Serra, derrotado, teve 45 milhões.

Os números acima deveriam ser objeto de consideração de todos os brasileiros e de todos os políticos vitoriosos ou não, porque existe aí, uma clara manifestação. 45 milhões de pessoas demonstraram sua insatisfação. Seja com a política, seja com as instituições, seja com os personagens dessa mesma política. Enfim, 45 milhões de brasileiros disseram não. Praticamente a metade, (44%) não apenas explicitaram preferência à candidatura de José Serra, como também demonstraram uma imensurável negação ao nome de Dilma Rousseff e ao estado de coisas a que chegou o país. No frigir dos ovos é reconfortante saber que ainda temos 45 milhões de pessoas sérias e com o mínimo de juízo e bom senso, que anseiam em ver o Luís Inácio pelas costas. Oito longos anos de cafajestada chega a ser dose pra leão.

No mais, em que pese a larga margem conquistada pela ungida Rousseff sobre José Serra em Estados do Nordeste, a petista venceria o pleito mesmo se os votos da região não fossem computados. O país sofre de uma crise aguda de bestificação. Parece todo mundo anestesiado. Lembra a Alemanha do início dos anos 30. Tarrenego!

O que farão os opositores (será que existem?) daqui por diante no reinado da Dilma? Que tipo de oposição pretendem fazer? Total e radical? Não creio. O Brasil é o país dos conchavos e conchavos ocorrem desde o dia 15 de novembro de 1889 quando se "Proclamou" a República. O dia em que o país entrou numa espiral de desencanto até os dias de hoje. O dia em que o povo "abestado" viu as manobras militares no Campo de Santana pensando assistir a uma parada. Dia nefasto em que ao destronarem o "Magnânimo”, o Brasil, de país respeitado, virou a Casa da Mãe Joana. Até aquele índio cocaleiro, cantou de galo, nos tomou uma refinaria da Petrobrás e ficou o dito pelo não dito.

A "Nomenclatura" que sai e ao mesmo tempo continua é catedrática em desunião, em afastar e cindir as pessoas. Dentre a herança maldita deste desgoverno está a vergonhosa divisão do país. Mando daqui um recadinho àquela desmiolada de São Paulo que recomendou o afogamento em massa de nordestinos, nos moldes nazi-fascistas, um triste arremedo da Solução Final do espiroqueta Adolfo Hitler, ideologia essa que se supunha estar morta e enterrada, mas qual o que, Tia Zenaide.

“Olha aqui, ser desprezível, (não lhe darei a glória de ter o nome escrito aqui no Blog) antes de destilar o seu fel contra nós, pense o que quiser, mas principalmente....

Pense no Brasil sem Gilberto Freyre, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Ferreira Gullar, João Câmara, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Severino Araujo, Dominguinhos, Graciliano Ramos, Lêdo Ivo, Augusto dos Anjos, Luís da Câmara Cascudo, José Américo de Almeida, José Lins do Rêgo, Severino de Andrade Silva (Zé da Luz), Manuel Baptista de Morais (cangaceiro Antonio Silvino), Lampião, Celso Furtado, Assis Chateaubriand, Rachel de Queiroz, Ariano Suassuna, Paulo Pontes.

É bem verdade que nada nem ninguém é perfeito. De vez em quando surgem umas excrescências, então nós, as enviamos para Brasília, de onde hão de atazanar a vida de 180 milhões de pessoas.

Pense no Brasil sem forró, sem frevo, maracatú, guaiamun com côco, aguardente de cabeça. Um Brasil sem suco de mangaba, talhadas de abacaxi na praia, mamão com mel de abelha, manga espada, sapoti. Bolo de rolo, queijo de manteiga assado com mel de engenho, queijo de coalho, bobó de camarão, carne de sol assada com macaxeira, chega a ser covardia. Tapioca, beiju, rapadura. Bolo Souza Leão, cajus chupados em qualquer lugar, mas com o cuidado necessário para não "botar nódoa na roupa", e castanha assada. Claro que temos também por aqui aquelas bolachonas italianas insípidas que vosmicê adora e chama de pizza. Por outro lado que tal um mar de água azul, quentinha e sol o ano inteiro? Cuidado com o seu "verde paulista!!”

Pense no Brasil sem a alegria, as cores e a beleza do Nordeste. Ah, santa, quer saber? Vai se roçar nas ostras! Isso é falta do que fazer. Chilique de moça velha? Posso dar o endereço do seu twitter ao Nego Pilão, se lhe apraz. Vê se arranja uma lavagem de roupa e cuida de ser menos cretina, ó debiloide da pátria. Quer um conselho? Melhor passar pelo menos duas décadas sem vir por aqui, cuidando dos seus neurônios. Todos os dois.

E, por fim mas não menos importante, lembre-se de incluir nos "afogamentos" os estados do Amazonas, Pará, Amapá, Tocantins e Minas Gerais. Aécio Neves incluso.

6 comentários:

Delmar Fontoura disse...

Ao Hugo Caldas minha homenagem:

Nossos Caminhos.

Nossas vidas se entrelaçam de caminhos: os bifurcados, os tortuosos, as subidas, as descidas, os avanços, os retrocessos; todos com armadilhas, umas que armamos outras que nos armam...

Durante nossas caminhadas enfrentamos: aragens, ventos e ciclones; garoas, chuvas e temporais; vulcões, terremotos, maremotos e tsunamis, que atravessaremos ou serão nossas últimas paradas.

Essas são as regras, de uma cartilha, as quais não nos foram dado o direito de rejeitá-las, pois nos colocaram compulsoriamente sem que tivéssemos opinado se queríamos ou não estar “aqui”... ...encontramo-nos na condição de amar ou odiar, entre os quais existe uma gama imensurável de sentimentos, que constitui a essência de nossas condutas.

O “saber” e a “compreensão” talvez sejam os únicos caminhos até o “prazer” em nossas jornadas... ...não sei se “pleno”... ...fora isso só a “amargura”... ...mas eu não sou uma pessoa amarga!...

Ipojuca Pontes disse...

Caro Hugo,

Grato pelo envio da versão do blog em ingles - é sempre bom exercitá-lo. Depois do vendaval saiu uma delicia, especialmente no que tange a parte gastronomica, iguarias nordestinas de de dar agua na boca.
Não sei se v. sabe, mas minha tese predileta é que o nordeste só irá adiante quando se fizer república ou monarquia independente.
Abração do Ipojuca

Unknown disse...

Caro Hugo,

Moro em Miami e estou voltando pro Rio.

Confesso que não sei quem é essa senhora (embora desconfie), mas nesse país sem nordeste eu não quero viver, não!

Abraço,
Cristina Vieira

ecologiaemfoco disse...

É isso aí HUGÃO!!! Você falou e... tá falado! Eu também já não aguento mais, sem o trema em riba do u; e ainda em riba disso tudo, eu também não aguento "o cara" que se orgulha de não ter precisado estudar para "chegar" a Presidente. Só podia ser daqui mesmo!!!
E em assim sendo, minha opção é continuar mergulhado nos meus livros, únicos em que ora posso acreditar, para melhor conhecer este nosso nordeste de belezas e delícias várias incomparáveis. E imprescindível à naturalidade brasileira.
Que Deus mantenha teus olhos, renovados, bem alumiados e a mente aguçada como sempre!
BG

Delmar Fontoura disse...

Sonhamos! Sonhamos sim... ...sonhamos tantos sonhos, que não temos tempo de acordar para a realidade...

Delmar Fontoura disse...

A FÁBULA DO PORCO-ESPINHO‏.

Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio.
Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente, mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor. Por isso decidiram se afastar uns dos outros e voltaram a morrer congelados, então precisavam fazer uma escolha: ou desapareceriam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros.
Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos. Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com um muito próximo podia causar, já que o mais importante era o calor do outro. E assim sobreviveram.

Moral da História
O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas, mas aquele onde cada um aprende a conviver com os defeitos dos outros, e admirar suas qualidades.