sábado, maio 28, 2011

O QUE JUSTIFICARIA ESTAR CONTRA AS USINAS NUCLEARES.

Breno Grisi

Esclareço que não me compete, como “reles professor de ecologia” e muito longe de entender de planejamento de matriz energética, dizer o que deve ser feito a esse respeito. Apenas sugiro que se considerem os seguintes aspectos, que poderiam desfavorecer a ideia de exploração da energia nuclear no Brasil. Tudo somente “fundamentado” nos meus 67 anos de vida como brasileiro e uns 40 anos de vida profissional em ecologia, que me “autorizam” a dizê-lo:

1) Qualquer empreendimento aqui no Brasil é conduzido sob denúncias de corrupção; ou seja, qualquer obra ou não é feita plenamente como deveria ser ou se o for custará bem além do planejado! Seja ela de iniciativa municipal, estadual ou federal.

2) Não devemos menosprezar o fato de que é muito difícil para o povo brasileiro entender que o uso racional da eletricidade é prioritário e que isso controlaria o aumento da demanda; e que se assim não acontecer, a opção de governo pela matriz energética brasileira poderá ser: degradar construindo hidrelétricas ou impor altos custos e riscos construindo usinas nucleares. É muito triste afirmar isso: “já está incorporado na nossa cultura o desperdício com alimento, água, eletricidade, recursos financeiros etc.”. Nosso sistema educacional não está preparado para informar nem tampouco formar cidadãos. E não são muitas as autoridades que sabem disso!

3) Rever todo o plano de uso da energia nuclear, como sugerido pelo físico especialista em energia, José Goldemberg, não parece estar nos planos do governo.

4) As alternativas: energia solar, eólica, biocombustíveis... serão sempre consideradas como “complementares” aqui no Brasil (uma lástima; veja alguns dados abaixo sobre energia eólica).

5) Segurança das usinas nucleares: todos os especialistas envolvidos, aqui no Brasil, acham que o nosso sistema é muito seguro (as autoridades japonesas também diziam a mesma coisa!). Não deve ser esquecido que o “lobby” dos interessados em tirar proveito financeiro dos altos custos de implantação das usinas é intenso.

O Brasil, segundo dados da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.asp) vem gerando, em megawatts:

Usinas hidrelétricas 77.290;
Usinas termelétricas 30.172;
Pequenas centrais hidrelétricas 3.537;
Usinas termonucleares 2.007.

Para aqueles que não acreditam no potencial da energia eólica e subestimam sua potencialidade, visitem o site http://www.wwindea.org/home/images/stories/pdfs/worldwindenergyreport2010_s.pdf, da WWEA - World Wind Energy Association. Transcrevi desta associação os seguintes dados de energia eólica gerada em megawatts, em 2010, pelos principais países geradores:

China 44.733;
Estados Unidos 40.180;
Alemanha 27.215;
Espanha 20.676;
Índia 13.065.

Considerando que a eletricidade total gerada no Brasil, por suas várias formas conforme divulgado no site da ANEEL mostrado acima, é de 114.105 megawatts eu pergunto: “por que muitas pessoas ainda consideram que a energia eólica é apenas uma forma complementar de geração de eletricidade”? Finalizando (este capítulo):

... a usina nuclear projetada para o nordeste, a de Itacuruba, a 470 km do Recife, será implantada na margem esquerda do rio São Francisco. Os opositores destacam que em caso de acidente, as águas do rio espalharão a radiação ao longo dos estados de Pernambuco, Bahia, Alagoas e Sergipe. Um projeto estimado (inicialmente) em R$10 bilhões para gerar 6.600 megawatts de energia..

“Last but not least”: e as nossas leis? Vão nos proteger? Ah! nossas leis! São as melhores do mundo!!! A esse respeito eu acho que nos cai muito bem o que disse Publius (or Gaius) Cornelius Tacitus (AD 56 – AD 117): “corruptissima republica, plurimae leges” (quanto mais corrupto o país, mais leis ele tem). Isso pode não justificar. Mas explica muita coisa!!!

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