sábado, julho 30, 2011

Clipe do Dia

O "Dueto dos Gatos" é uma peça popular para dois sopranos. Muitas vezes, é apresentada como "encore" ao final de um concerto. Embora seja atribuída a Gioachino Rossini, não foi realmente, escrita por ele: é apenas uma compilação escrita em 1825, com passagens retiradas de sua ópera "Otello", de 1816. O autor da compilação foi, provavelmente, o inglês Robert Lucas Pearsall, que usou na ocasião o pseudônimo de “G. Berthold”. A letra consiste, apenas, na repetição da onomatopéia “miau”. Há, entretanto, gente muito importante no mundo da música clássica que jura de pés juntos que o autor é mesmo o Rossini. Vocês o que acham? Abaixo, um clipe com "Les Petits Chanteurs à la Croix de Bois", um coral composto por garotos fundado em 1906 na França. Aqui eles interpretam a dita composição. Verdadeiros profissionais apesar das risadas do público. HC

A nossa dupla tragédia: política e ambiental


Breno Grisi

AS ESTRADAS SÃO O VETOR MAIS IMPORTANTE DO DESMATAMENTO. E DA CORRUPÇÃO!!!

Em minhas aulas nas disciplinas de ecologia, ou de política ambiental e desenvolvimento sustentável, ou outras similares, estou sempre chamando a atenção dos alunos para as consequências negativas advindas do nosso modelo de desenvolvimento. Refiro-me especificamente à questão da logística dos transportes e do nosso sistema viário, em geral. Desde o início da década de 1960, no governo do presidente Juscelino Kubitschek, que se optou pela produção de automóveis e demais veículos automotores, estabelecendo-se um importante polo de produção automobilística, em São Paulo. Sem dúvida, um grande centro industrial na América Latina, dispondo de mão de obra especializada, abundante, e situado próximo de dois dos maiores portos exportadores do nosso país: Santos e Rio de Janeiro. E no centro do maior mercado consumidor regional brasileiro, sul-sudeste, e ao alcance de forte comprador latino-americano, a Argentina.

E em assim sendo, o transporte rodoviário vem predominando no Brasil há décadas. Construir estradas num país com a dimensão do nosso e num clima tropical, é realmente uma façanha gigantesca! E conservá-las... maior ainda!!! Os vultosos recursos financeiros envolvidos nessas tarefas “dantescas” vêm gerando resultados catastróficos generalizados, principalmente a corrupção na manipulação das verbas (licitações fraudulentas, apadrinhamentos, “caixa dois” na política etc), como temos assistido as recentes notícias sobre a maioria esmagadora de responsáveis pelos mais diversos setores do Ministério dos Transportes, sendo demitidos sob suspeita de irregularidades. Tudo resultante, a meu ver, de dois fatores cruciais: a “genética” das nossas origens pró-corrupção e a tentação em não resistir ao “se eu tirar um pouquinho de tanto dinheiro... ninguém vai notar”. Algo já relatado na “tragédia dos comuns”, de Garrett Hardin. Ou, como bem dizia Oscar Wilde: “Sou capaz de resistir a tudo! Exceto à tentação”!!! Afinal, o Ministério dos Transportes tem uma dotação anual de R$13 bilhões. O da Ciência e Tecnologia é de R$6 bilhões (igualzinho ao do Congresso Nacional!!!).

E também como consequência desse “modelo”, destaco o papel direto das rodovias no desmatamento de nossos ecossistemas florestais; principalmente na Amazônia. Vejam os leitores a ilustração aqui anexada, de trecho da rodovia Rurópolis - Altamira, no Pará, com cerca de 530 km de extensão. Observem que o número de estradas ditas vicinais, de acesso a essa rodovia, estende-se por todo o seu percurso. Isso é lógico. Porque em qualquer ponto que se atinja a rodovia, tem-se acesso a este imprescindível “caminho do progresso”. É muito difícil se evitar que se construam tais estradas vicinais. E assim, os caminhos da devastação se ampliam desmesuradamente!

Vamos agora pensar numa ferrovia. Nesta, apenas algumas estações ferroviárias seriam construídas. A cada 100 km, por exemplo. E somente seria permitida a construção de algumas poucas estradas de acesso a essas estações. Não adiantaria construir estrada que desse acesso “ao meio da linha férrea”. E ainda vale lembrar que um trem transporta o equivalente, em carga, ao que 30 caminhões são necessários para transportar!!! Sua conservação é mais fácil de ser executada porque o controle do trânsito sobre ela é facilmente realizado.
E agora, o que nos resta? Lamentar ambas as tragédias brasileiríssimas!

Corrupção e desmatamento!!!


Do Blog ECOLOGYINTOFOCUS

sexta-feira, julho 29, 2011

Desejo Fashion do dia: Capa da Invisibilidade!



Téta Barbosa





Ah, se João da Costa tem uma, por que eu não posso também?

Saiu na Superinteressante (e quando sai lá, eu acredito como se fosse verdade): “Físicos criam capa da invisibilidade”. A matéria tinha como chamada a foto de Harry Potter (o que fez ela perder 30% da credibilidade automaticamente) mas, mesmo assim, resolvi ler. Melhor, tentei ler. Minha esperança de ter um capa que me fizesse sumir bem na hora de lavar os pratos desapareceu junto com Harry Potter. Isso porque o texto falava de nanosegundos e “lentes temporais”, que têm a capacidade de desacelerar e comprimir raios de luz antes de expandi-los novamente. Ou seja, quando a gente não entende porra nenhuma do que eles dizem é porque vai demorar muito pra chegar nas lojas. Tipo assim, uns 87 anos.

Quem danado sabe o que é um nanosegundo, por falar nisso? E porque “lentes temporais” está entre aspas? O que são “lentes temporais”, pelamordedeus?

Enquanto eu estudo sobre as subdivisões do segundo e a desaceleração dos fótons, minha única esperança de ter uma capa da invisibilidade é ficando melhor amiga do Prefeito.

- Jonny da Costa, colega, me empresta aí. Só até sábado, prometo. Devolvo limpinha (isso se eu não cair em nenhum buraco cheio de lama da Caxangá)!

Se o senhor colaborar, prometo que meu voto será seu (na próxima eleição para síndico do seu prédio – que espero ser bem longe da minha casa).

- Oxe Téta, esse blog não é sobre moda?

- Mas esse é o ítem fashion mais cobiçado da semana de moda científica!

Fica a dica!

Do Blog batidasalvetodos.com

quinta-feira, julho 28, 2011

Paulinho Perneta




Hugo Caldas



Conheci o Paulinho Nóbrega nas trincheiras de Saint-Quentin, França em 1918 durante a I Guerra Mundial. Éramos da infantaria inglesa, eu, como segundo tenente e ele, como cozinheiro do regimento a nos servir sopa, costeletas e ananases ao jantar. Soa um pouco surrealista mas a história foi essa mesmo. Fazíamos parte do elenco do Teatro do Estudante da Paraíba na segunda metade da década de 50 e encenávamos "Fim de Jornada", peça do escritor inglês R.C. Sherriff, ambientada no front.

Da esquerda para a direita: Valdez, Paulinho, Celso Almir, Sosthenes e Hugo

Bom amigo, piadista, espirituoso e de fácil convívio.

À época vivia um amor tumultuado e o Paulinho sendo amigo do casal estava sempre pronto a apaziguar os ânimos fazendo o papel de conselheiro e cupido ao mesmo tempo. Tenho pra mim que ele também era apaixonado pela minha Amelinha.


Paulinho entre Ednaldo e Elpídio Navarro

O tempo foi passando, e após inúmeras vivências terminei por achar o caminho da cidade do Recife - "a vizinha capital do sul" - como dizia certo cronista social da época, onde haveria de assumir por concurso um posto na Panair do Brasil e onde fincaria para sempre as minhas raízes. Paulinho acho que ao mesmo tempo, retornou à casa paterna no Rio Grande do Norte e nunca mais nos vimos.

Retornei várias vezes à João Pessoa especialmente na data de aniversário do amigo comum Elpídio Navarro que aproveitando-se do ensejo reunia a velha guarda do TEP para almoço, rememorações e muita conversa jogada fora. Vinha gente até de Nova Iorque. O Paulinho nunca apareceu e era assunto recorrente, "por onde anda o Paulo Nóbrega"? Alguém dá notícias do Paulinho Perneta? Nada. Parecia que o nosso amigo havia sumido no oco do mundo.

Com o passar do tempo e já aposentado me veio a idéia de criar um Blog para o registro das memórias e das boas lembranças. Vários amigos prestigiaram a empreitada. Uma especial postagem de Elpídio - "Paulinho Tripa Gaiteira", relatava peripécias dele e Paulinho na Praia do Poço em priscas eras. Coloquei um comentário indagando mais uma vez sobre o paradeiro do nosso heroi. Dias depois me aparece a resposta que me tirou do ar. Alguém que não se assinava dava conta de que o meu amigo havia falecido. Não costumo dar guarida a textos anônimos mas pela importância da informação consenti em aceitar a notícia funesta.

Ontem à noite estava eu corujando a web quando me chega o seguinte e-mail:

"Boa noite Sr Hugo, estava olhando seu blog e fiquei surpresa com a notícia de que Paulo Alves da Nóbrega tinha falecido. Seu colega do teatro da PB. De maneira alguma, ele está vivo, eu sou filha dele, meu nome é Sylvia Machado da Nóbrega, e comentei com ele essa noticia que Graças a Deus não é verdade. A pessoa deve ter confundido com outro. Se quiser manter contado meu e mail é... Tenho certeza que ele irá gostar de receber noticias suas. Abraços, Sylvia Nóbrega".

No primeiro instante fiquei sem fala. Depois, fui me recuperando e daí a pouco era uma alegria só! Então era uma inverdade. Durante todo esse tempo. Alvíssaras, o Paulinho estava vivinho da silva! Tal qual um novo Jota Cristo redivivo, ele ressurgia dos mortos, não ao terceiro dia, mas após quatro anos. Claro que de imediato respondi ao e-mail, a Sylvia me forneceu o telefone, batemos um longo papo e botamos a conversa em dia. A mesma voz mansa e amiga que eu conhecia tão bem.

Ontem à noite fui dormir feliz.

terça-feira, julho 26, 2011

Arte, a Essência da Vida

Girley Brazileiro

A arte é a essência da vida... Quanto mais amadureço, isto é, fico mais velho, mais me conscientizo disso. Um engenheiro, um arquiteto, a costureira suburbana, o músico e o ator, o grafiteiro, a cozinheira, o jardineiro, o engraxate, o pintor e o escultor, entre muitos outros, são todos artistas. Pensando bem, todo ser humano, afinal de contas e numa instancia qualquer da vida, é um artista. No dia a dia estamos habituados a ver os artistas sob uma ótica muito restrita. Precisamos enxergar um artista na banal empregada doméstica que produz uma deliciosa sopa de feijão preto, salpicada de cheiro verde ou uma tapioqueira de Olinda que peneira a goma, molda a tapioca ao calor de um lume e mete sabores exóticos para recheá-la.
Mas, é artista também quem lida com a arte de outros e as cultiva com devoção e competência. Explico: neste fim de semana (ontem, 24.07.11) fui ver a exposição temporária da obra de Michelangelo (Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simon 1475-1564), no Castelo de São João da Várzea – Instituto Ricardo Brennand, no Recife.

Que maravilha. É imperdível. Causou-me impacto dar de cara, logo na chegada, com uma réplica autenticada da famosa escultura de David, do mestre italiano, aquela cujo original está em Florença e que varias vezes, por sorte, pude admirar. Aquilo de ontem foi incrível, em face do cenário no qual ela foi inserida. (Vide foto). Depois daquele primeiro momento impactante, adentrei à nova Galeria do Instituto e, aos poucos, mergulhei num mundo de esculturas clássicas, nem sempre de Michelangelo, minhas velhas conhecidas e por mim visitadas outrora. Com uma feliz diferença de que, agora, elas vieram “visitar-me”. Sim, claro, eles estão com todo esplendor e dispostas com rigorosa curadoria a poucos quilômetros do meu endereço.
Quem pensaria uma coisa dessas, no passado, aqui no Recife? É preciso ser artista como Ricardo Brennand – que, sem cinzel ou pincel – pratica a finíssima arte de colecionar obras de arte. Despido de qualquer sintoma egoísta, esse pernambucano transfigurado num mecenas dos tempos modernos, presenteou Pernambuco e o Brasil com uma das mais importantes entidades culturais deste país. Atravessar os portões do Instituto e percorrer a alameda de acesso ao complexo cultural é possível sentir uma gostosa sensação de estar viajando rumo à Idade Média ou uma praça renascentista da Velha Europa. Nas linhas arquitetônicas ou no entorno de paisagens bucólicas, nas obras de arte espalhadas a céu aberto ou indoor, tudo que se respira é arte. Como não entender que tudo aquilo é a essência do viver de um cidadão que não guardou apenas para si o sabor de colecionador, mas, socializou seu acervo num projeto monumental, raro e invejável. Nada melhor do que aquilo nestas plagas nordestinas. O visitante sai dali, tomado por um misto de energizado e incredulidade. Até mesmo os mais alienados, param, pensam e fazem um juízo de valor, quase sempre significativo e digno do que viu.

Outro aspecto positivo que pude observar ontem foi de ver pessoas visivelmente mais simples e, certamente, habitantes da pobre periferia recifense, surpresas com o que viam e atentas às explicações da jovem guia que, didática e pacientemente, descrevia cada obra exposta e a própria vida do escultor italiano, causando certa admiração dos espectadores. (Vide foto) Eram caras e bocas das mais diversas, surpresos, ora com a imagem do David despido ou da figura feminina despojada de vestes. Esculturas inacabadas ou mutiladas chamavam a atenção desses humildes admiradores, iniciantes na ronda das artes clássicas. Com “meus botões” fiquei imaginando que dali poderia sair alguém com o propósito de ensaiar na argila úmida, obtida nos baixios do vale do Capibaribe, ali bem próximo, sua obra de arte, inteira, acabada, vestida e colorida... por que não? Essa gente é muito criativa e gosta de exercer sua natural veia de artista e aí, a essência da vida brota de onde menos se espera.
Ricardo Brennand repete, em Pernambuco, o que o, também, mecenas, Mauricio de Nassau, operou no Século 16. O que ele construiu, ali nos detrás do Grande Recife, além do up-grade cultural alavancado na comunidade, vai imortalizar seu nome. Obrigado Ricardo Brennand!

Quer saber mais sobre o Instituto Ricardo Brennand? Clique em www.institutoricardobrennand.org.br

NOTA: As fotos da postagem são do blogueiro
NOTA: 2 - Do Blog do GB

Lembrando pedaços da infância no sertão...



Francisco Nunes da Costa






1930. NAQUELE TEMPO, falava-se muito em “Revolução”, esse era o assunto em todas as rodas de conversa. Havia inquietação geral e as pessoas quando voltavam da cidade transmitiam para os que moravam na roça tudo o que ouviram.

Não obstante ser tão criança ainda, eu ouvia com atenção os comentários e gravei bem os nomes de Getúlio Vargas e Julio Prestes, ambos muito falados. Diziam que eram homens importantes e que por suas brigas políticas poderiam desencadear uma revolução. Diziam, ainda, que muito longe de nós estava se formando um foco de rebeldia e que esse movimento poderia chegar à Paraíba do Norte onde o Presidente do Estado (governador), João Pessoa, da corrente Liberal, fazia oposição à corrente Perrepista (PRP — Partido Republicano Paulista), encabeçada por Julio Prestes. Mas essa história de partidos e apoio político eu só fui entender tempos depois.

À medida que o tempo passava, aumentava nas pessoas o medo de que a revolução, caso chegasse à Paraíba, produzisse verdadeiras misérias, como assassinatos, queima de residências e outras atrocidades.

Em Patos, o assunto era esse. As notícias circulavam de boca em boca. Meu avô ia à cidade, para conversar e colher informações sobre os movimentos e, quando voltava, comentava e recomendava para que não disséssemos nada, porque era muito perigoso.

— Na capital, as coisas já começaram a ferver — dizia.

João Pessoa contrariava interesses de grupos poderosos ligados à cultura do algodão e da cana de açúcar. Porém, conseguiu o apoio de comerciantes, mulheres, estudantes e funcionários públicos, principalmente da capital.

Não tardou muito para que a revolução explodisse no sertão, principalmente em Teixeira e Princesa, dominadas por poderosos coronéis, que lançaram mão de grupos de cangaceiros bem armados para enfrentar a polícia.

Eu sentia a preocupação das pessoas e, ainda que não entendesse o que aquilo poderia significar, percebia que minhas tias estavam intranqüilas com relação ao meu pai. Temiam que, sendo ele militar, poderia, a qualquer momento, integrar a Força que a Paraíba estaria enviando para combater grupos rebeldes naquelas cidades.

Meu pai escreveu uma carta, na qual confirmava as nossas suspeitas: sua Unidade seguiria, a qualquer momento, para Princesa ou Teixeira, e ele iria a São Pedro, rapidamente, para deixar a família aos cuidados de meu avô. Todos choraram ao ler a carta, devido ao tom alarmante e preocupante de suas palavras.

O clima estava tenso. Recordo que numa segunda-feira, eu e meu avô, no final da tarde, retornávamos da cidade, caminhando calmamente pela estrada. Ele carregando sobre o ombro um pesado saco com as compras e eu seguindo à sua frente, chutando pedaços de qualquer coisa para me divertir. Subitamente, percebemos um barulho estranho à nossa retaguarda, na estrada, aproximando-se. Meu avô pediu-me para apressar o passo. Olhei para trás e disse-lhe entre assustado e impressionado:

— Pai! São muitos soldados! E tem também caminhões!

Estávamos próximo do caminho que levava para a nossa casa quando a tropa emparelhou conosco. Meu avô disse em voz baixa:

— É a Revolução, não olhe Chiquinho!

Eu queria muito olhar. Aquele movimento diferente me deixava curioso. Consegui ver que nos caminhões havia armas grandes, e me imaginei em cima de um deles, junto com os soldados que pareciam estar muito alegres.

O medo tomou conta do meu avô e me tirou daquele momento de fantasia. Fui contagiado pelo mesmo sentimento de pavor que o invadia. Lembro que quase nem podíamos caminhar. Eu tropeçava em suas pernas, enquanto ele, firme, cabeça ereta, acelerava os passos e me empurrava para a frente, forçando a não me deter naquelas imagens. Ele sabia que eram as forças leais ao governo que seguiam para Princesa e Teixeira com a finalidade de sufocar os grupos rebeldes. Mesmo assim, ao ver tantos soldados em barulhenta algazarra, alguns parecendo embriagados, meu avô ficou muito nervoso e repetiu:

— Ande depressa! Não olhe para eles!

E os soldados, ao passarem por nós, pilheriavam e insultavam meu avô: “Ei, velho!”, como se pretendessem provocar uma reação que justificasse a prática de algum ato perverso.

Aos poucos, o pesadelo foi se distanciando. Ficamos para trás, caminhando e nos refazendo daquele clima de terror por que acabávamos de passar.

Em casa, aliviados do medo e livres das ameaças, ainda ouvíamos, ao longe, o alarido dos soldados. Eu não entendia o porquê de tanta algazarra e tanta euforia, pois diziam que muitos soldados morrem na luta e nunca mais voltam para suas casas.

Pairava sobre toda a região uma atmosfera de pavor, exigindo que cada um se precavesse contra possíveis desajustes emocionais de algum daqueles soldados que, no afã de estar indo para o campo de batalha, poderia praticar uma ação criminosa em nome da causa que ele estava defendendo. Bá e Inocência, a todo instante, arriscavam uma olhadela nas proximidades da casa, preocupadas com os soldados.

Devido ao clima aterrorizante, as portas das casas eram fechadas ao cair da noite, quando todos se recolhiam, como naquela segunda-feira, por se temer que alguns soldados se desviassem da estrada e as invadissem. Diziam que eles, por onde passavam, deixavam marcas de grande vandalismo: casas destruídas ou saqueadas, mulheres agredidas ou violentadas.

Nesse clima ameaçador, meu pai era permanentemente lembrado, e eu via minhas tias em súplicas fervorosas a Deus para que o protegesse.

Soubemos que ele havia partido, e só.

Em uma carta, antes de partir, ele próprio disse que não poderia enviar notícias e sabia que sua mulher e filhas estavam protegidas em nossa casa.

Dias depois, soubemos que meu pai também passara por ali integrando um novo contingente policial, sob o comando do major João Costa, da Força Policial da Paraíba.

Na cidade corriam boatos de que havia muitos mortos em batalha. E imaginávamos que meu pai poderia ser um daqueles. A dúvida sobre se ele estaria morto ou ferido e a incerteza de como e quando seria a sua volta nos deixava profundamente angustiados.

Nesse cenário, ganhei um broche com o retrato de Juarez Távora. Orgulhoso, o coloquei no peito e minhas tias foram logo me prevenindo:

— Se te perguntarem qual é o teu partido, deves responder: Partido Liberal.

Quinzenalmente eu acompanhava meu avô à cidade onde ele comparecia ao Quartel da Força Policial e recebia parte dos vencimentos de meu pai, que seriam utilizados nas despesas de sua família, enquanto ela estivesse conosco.

Um dia, espalhou-se a notícia apavorante:

— Mataram João Pessoa!

O assunto correu como um rastilho de pólvora. Imediatamente, por toda parte, havia pessoas curiosas por mais notícias. Espalhados pela cidade, viam-se piquetes e soldados com seus fuzis ensarilhados sob o olhar dos civis. A revolta do povo era grande já que João Pessoa era muito estimado. No país, a revolução parcialmente reprimida, de repente tomou impulso, tendo como bandeira o sacrifício do presidente paraibano, que culminou com os acontecimentos políticos de outubro de 1930.

Finalmente, tempos depois, as escaramuças foram contidas e meu pai escreveu comunicando que estava se apresentando, são e salvo, à sede da Força, na capital.

Os movimentos revolucionários haviam cessado, no Estado. Meu pai pôde voltar para casa. Lembro a grande alegria que tomou conta de nós, naquele dia. Ele chegou a São Pedro inesperadamente. Eu estava brincando com as meninas em cima do lajedo e ouvi quando minhas tias gritaram:

— Graças a Deus você voltou!

Corremos para casa. As meninas agarraram-se a ele solicitando carinho. Mariinha, sua esposa, quase nem podia dar vazão à sua saudade. As tias, entre risos e choros, tentavam abraçá-lo, emocionadas. Eu consegui furar aquela barreira feminina e também o abracei. Meu avô contemplava de perto a cena e, feliz, agradecia a Deus por tudo que assistia. Esse momento de reencontro nunca se apagou de minha mente. Eu o via como resultado das muitas orações que fui obrigado a fazer, reunido com minhas tias para que nada acontecesse a meu pai nas lutas de que ele participava em Princesa Isabel.

Depois disso, meu pai, ainda traumatizado pelas experiências vividas no campo de batalha, nos contou os horrores por que passara com seus companheiros; os momentos de privação e de desânimo; as vezes que tiveram que se alimentar de milho cru e beber água suja; as noites mal dormidas protegendo-se dos cangaceiros e das muriçocas. Eu ficava calado, boquiaberto, imaginando meu pai como um grande herói, já que nenhuma daquelas balas inimigas o atingiu.

Meu pai foi promovido ao posto de sargento e passou a integrar o destacamento de Patos. Alugou a mesma casa na Rua Dezoito do Forte, onde viveu com a minha mãe. E, nessa casa, passou a residir com Mariinha e as filhas.

segunda-feira, julho 25, 2011

Carnaval de sandices



Da Coluna do Moacir Japiassu




Deu na coluna do considerado Ancelmo Gois, sob o titulinho
Tema delicado:

Veja como é grande, hoje, o medo de ser acusado de racismo. Domingo, a Rádio Tupi do Rio transmitia Chile X Venezuela e o coleguinha Sérgio Américo disse que o Rincón em campo não era o que atuou no Brasil. "Aquele era moreno", explicou.

No que o locutor Jota Santiago o corrigiu: "Aquele Rincón era negro, não moreno". Nosso Américo se esquivou; "Isso é você quem está dizendo.".

Janistraquis acha que ambos erraram: "Considerado, o colombiano Rincón (que está bem vivo) não é nem moreno nem negro, pois assim poderia ser confundido com o ministro dos esportes, Orlando Silva; Rincón é, isto sim, um baita negão!"

A cena registrada por Ancelmo lembrou ao colunista o artigo que escreveu no Observatório da Imprensa em 26 de abril de 2005, intitulado Estupidamente corretos, o qual abriga passagens como estas:

Tudo é preconceito neste miserável país que também acredita na "inclusão social" mediante cotas para as "minorias". Não se pode mais rir, nem mesmo de si próprio. Eliminamos de nossa paisagem as mulheres feias, das quais não se pode mais falar; as gordas viraram "fofinhas"; não existem débeis mentais, nem mesmo os que nos governam, porque estes, ao lado de cegos e aleijados, são agora "portadores de necessidades especiais". No império do eufemismo em que se travestiu o país, descobriu-se ainda que veadagem é uma "orientação sexual", como se o futuro ex-machão tivesse nascido igualzinho ao Bussunda e só depois de grandinho tivesse botado as mãos nos quadris e exclamado: "Quer saber?! Agora vou dar até cair morta!..."

Ao mesmo tempo, ninguém dá a mínima para os velhos que também são gordos, carecas e baixinhos. Esta é a dolorosa porém real descrição do articulista, que pretende iniciar um movimento de desagravo à desprezada "categoria"; afinal, não existe, em nenhum anúncio de televisão, aquela jovem e maravilhosa mulher que nos seduz para uma noitada regada à bebida da moda e mais as fantasias sexuais deixadas en passant. Isso é preconceito ou não é? Cadê a cota televisiva para nós da geração Viagra?!?!?!

Enfim, só falta uma cena para completar o carnaval de sandices que nos assola a paciência: o Lula precisa pedir perdão aos índios e lhes devolver duma vez este país de merda, se me permitem o justo desabafo.

(Esclareço que o país propriamente dito não tem culpa; trata-se, como todos sabemos, daquele impávido colosso deitado eternamente em berço esplêndido. Todavia, o que fizeram e fazem dele a cada dia, nos enoja e entristece).

Todo Mundo Lá!


O amigo Zé Bezerra lança livro na Paraíba

Branco, honesto, contribuinte, eleitor, hetero... Pra quê?

Ives Gandra

Hoje, tenho eu a impressão de que o "cidadão comum e branco" é agressivamente discriminado pelas autoridades e pela legislação infraconstitucional, a favor de outros cidadãos, desde que sejam índios, afrodescendentes, homossexuais ou se autodeclarem pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos.

Assim é que, se um branco, um índio e um afrodescendente tiverem a mesma nota em um vestibular, pouco acima da linha de corte para ingresso nas Universidades e as vagas forem limitadas, o branco será excluído, de imediato, a favor de um deles! Em igualdade de condições, o branco é um cidadão inferior e deve ser discriminado, apesar da Lei Maior.

Os índios, que, pela Constituição (art. 231), só deveriam ter direito às terras que ocupassem em 5 de outubro de 1988, por lei infraconstitucional passaram a ter direito a terras que ocuparam no passado. Menos de meio milhão de índios brasileiros - não contando os argentinos, bolivianos, paraguaios, uruguaios que pretendem ser beneficiados também - passaram a ser donos de 15% do território nacional, enquanto os outros 185 milhões de habitantes dispõem apenas de 85% dele.. Nessa exegese equivocada da Lei Suprema, todos os brasileiros não-índios foram discriminados.

Aos 'quilombolas', que deveriam ser apenas os descendentes dos participantes de quilombos, e não os afrodescendentes, em geral, que vivem em torno daquelas antigas comunidades, tem sido destinada, também, parcela de território consideravelmente maior do que a Constituição permite (art. 68 ADCT), em clara discriminação ao cidadão que não se enquadra nesse conceito.

Os homossexuais obtiveram do Presidente Lula e da Ministra Dilma Roussef o direito de ter um congresso financiado por dinheiro público, para realçar as suas tendências - algo que um cidadão comum jamais conseguiria!

Os invasores de terras, que violentam, diariamente, a Constituição, vão passar a ter aposentadoria, num reconhecimento explícito de que o governo considera, mais que legítima, meritória a conduta consistente em agredir o direito. Trata-se de clara discriminação em relação ao cidadão comum, desempregado, que não tem esse 'privilégio', porque cumpre a lei.

Desertores, assaltantes de bancos e assassinos, que, no passado, participaram da guerrilha, garantem a seus descendentes polpudas indenizações, pagas pelos contribuintes brasileiros. Está, hoje, em torno de 4 bilhões de reais o que é retirado dos pagadores de tributos para 'ressarcir' aqueles que resolveram pegar em armas contra o governo militar ou se disseram perseguidos.

E são tantas as discriminações, que é de perguntar: de que vale o inciso IV do art. 3º da Lei Suprema?

Como modesto advogado, cidadão comum e branco, sinto-me discriminado e cada vez com menos espaço, nesta terra de castas e privilégios.

Ives Gandra da Silva Martins é renomado professor emérito das universidades Mackenzie e UNIFMU e da Escola de Comando e Estado do Exército e presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo ).

INCISO IV DO Art. 3º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL A QUE SE REFERE O DR. IVES GRANDA, NA ÍNTEGRA:
"promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação."

domingo, julho 24, 2011

sábado, julho 23, 2011

O “nunca antes neste país” agora é pouco.


Do Blog do Ricardo Setti

Lula não está satisfeito de ter realizado a maior obra de governo desde a chegada das naus de Cabral às costas da Bahia, em 1500.

Não basta que tudo de bom “neste país” haja começado a 1º de janeiro de 2003, data de início do lulalato, nem que o saneamento econômico promovido pelos presidentes Itamar Franco e FHC tenha sido apagado do mapa.

Agora, Lula quer dar – e dá – lições ao mundo.

Temos um novo “Guia Genial dos Povos”.

De Recife, pelas ondas da Rádio Jornal do Commercio, Lula falou para o mundo: “A crise que está acontecendo na Europa e nos Estados Unidos, no fundo, é por falta de coragem para tomar decisões políticas e econômicas que precisam ser tomadas”.

O Guia Genial dos Povos, porém, manteve para si mesmo qual é a receita que tem para os Estados Unidos, para a Europa, para o mundo. Provavelmente espera que Barack Obama, Angela Merkel, Hu Jintao, Nikolas Sarkozy e outros líderes frágeis, indecisos e inexperientes façam fila no salão de festas do edifício em que reside, em São Bernardo do Campo (SP), à espera de serem por ele recebidos em seu apartamento, um por um, quando então confidenciará as soluções para a crise mundial.

Falta de coragem.

Será que é a mesma que faltou ao Guia Genial dos Povos para, mesmo surfando em inéditos índices de popularidade…

… fazer a reforma da Previdência que não fez?

… tomar a iniciativa da reforma política?

… enxugar o governo, diminuir despesas — o exato contrário de sua “obra” — e possibilitar a baixa dos juros?

… revelar, enfim, quem foi que o traiu no episódio do mensalão e, em vez de choramingar na TV, exigir que os culpados fossem para a cadeia?

O Guia Genial dos Povos, Lula, mencionar “falta de coragem” em líderes que estão tomando decisões gravíssimas, com implicações para centenas de milhões de pessoas, além de constituir uma piada é, além disso, falar de corda em casa de enforcado.

Deus nos acuda!



José Virgolino de Alencar

Eis parte da reportagem da revista Época, em mais um capítulo do extenso "Serial Corruption", interminável seriado estrelado pelo governo do PT, juntamente com outros partidos, incluindo o Partido da Raposa-PR. Onde se bota o olho com interesse investigativo nas gestões sob o comando do PT & caterva, descobre-se lama. E não é laminha escondida nos mangues. É grosso lamaçal exposto nas áreas nobres do país, nos palácios e casas parlamentares.

O lamentável em tudo isso é que o "capo di tutti capi" do esquema não é incomodado e se dá ao luxo de opinar e querer direcionar as soluções dos casos, defendendo ostensivamente a impunibilidade.

PROVAS DA EXTORSÃO
Com a ajuda do MP, a advogada Vanuza Sampaio gravou um encontro que manteve com dois assessores da ANP, que exigem propina de R$ 40 mil para resolver um problema de um cliente dela. Abaixo, trecho do depoimento prestado pela advogada ao MP, no qual ela detalha o caso, e o cheque que um dos assessores da ANP recebeu de um advogado ligado ao maior adulterador de combustível do país
Às 16h23 do dia 5 de maio de 2008, uma segunda-feira, dois assessores da Agência Nacional do Petróleo (ANP) encaminharam-se discretamente ao escritório da advogada Vanuza Sampaio, no centro do Rio de Janeiro. Os dois, Antonio José Moreira e Daniel Carvalho de Lima, acomodaram-se na sala de reuniões do escritório, tomaram cafezinho e conversaram por alguns minutos sobre amenidades. Ato contínuo, a advogada Vanuza assomou à porta. Vanuza é a advogada com mais volume de processos na ANP; conhece profundamente a agência. Tem como clientes distribuidoras de combustível, postos e empresários do setor de petróleo e gás – todos dependem da ANP para tocar seus negócios. Depender da ANP, conforme investigou ÉPOCA nos últimos dois meses, significa sofrer continuamente o assédio de tipos como Moreira e Daniel. Não são os únicos. Há muitos como eles. Mas, para a turma que transformou a ANP num cartório de extorsão, aquela não era uma segunda-feira tão ordinária. Daquela vez, dois deles foram gravados em vídeo, em pleno expediente subterrâneo. ÉPOCA obteve cópia dessa gravação, que integra uma investigação sigilosa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.

A pedido de ÉPOCA, a autenticidade do vídeo foi atestada pelo perito Ricardo Molina. “A gravação é autêntica e não sofreu nenhuma manipulação”, disse Molina. O vídeo tem 53 minutos, três personagens e um repertório espantoso de ilegalidades, abusos e escracho com a coisa pública. São 53 minutos de corrupção exposta em seu sentido mais puro. Não há nenhum vestígio de decoro. O eventual medo de ser pilhado desaparece e cede lugar ao deboche. Não há diálogo em código ou fraseado evasivo. É tudo dito na lata. Esse descaso pode ser explicado pela impunidade com que a longeva máfia dos combustíveis atua no país. Nos últimos anos, a PF e o MP já produziram provas robustas contra expoentes desse grupo. Até o Congresso criou uma CPI para investigar os crimes – que engendrou ainda mais corrupção.

Usina de malfeitores

Propina de R$ 40 mil, divisão de dinheiro sujo, achaque a empresas: há de tudo no vídeo de corrupção da ANP

“Quarenta mil reais é razoável?”

Neste trecho, os dois assessores da ANP (Antonio José Moreira e Daniel Carvalho de Lima) dizem à advogada Vanuza Sampaio que a Petromarte, cliente dela, terá de pagar R$ 40 mil de propina para resolver uma pendência na agência – com o aval do então superintendente de abastecimento da ANP, Edson Silva, dirigente do PCdoB

Moreira: Eu conversei com o Edson (superintendente da ANP) e ele não tinha muita noção de valores, você entende? Aí ele falou que era possível, que ia mexer. Mas ele é lento.

Advogada: É baiano.

Moreira: Baiano... Aí ele me falou: “Ó, você não quer conversar agora em torno de 40 mil reais? Você acha razoável? Quanto você acha razoável?”. Falei “não sei, Edson, não sei quantificar, não sei valor”. E foi a primeira vez que aconteceu alguma coisa. A gente pode estabelecer um bom relacionamento. Aí ele falou isso, que ficaria com 25 (mil reais) e daria 15 (mil reais) pra vocês. Esse é do Rodomarte. É... É do Petromarte.

"É para arrancar dinheiro mesmo?"

Depois de cobrar a propina, os assessores oferecem uma parceria à advogada Vanuza. Querem que ela achaque a empresa Rodonave, objeto de um processo na ANP.
Vanuza se espanta: “Mas é para arrancar dinheiro mesmo?”

Moreira: Tá na minha mão um processo... O interesse é muito grande. (Empresa) tradicional chamada Rodonave, de Manaus.
Advogada: Mas por que querem cancelar o registro dela? (...) É para arrancar dinheiro?
Moreira: Não sei... não, eu acho que não é para arrancar dinheiro (...) Eu também não queria me indispor, chegar e ligar para a Rodonave... Então, se você tiver interesse, te dou uma orientada.

Lógica Petista
Em seguida, os três põem-se a discutir as diferenças entre os corruptos da agência. Roberto Ardenghy, antecessor de Edson Silva na Superintendência de Abastecimento, é citado como exemplo de negociante voraz. Diz o assessor Moreira: “Ele tinha uma lógica muito à petista. Era muito para ele”

Advogada: Ele (Ardenghy) sempre me travou de uma forma muito inteligente. Só hoje consigo ver o que ele ganhava de um outro lado.
Moreira: (...) Era uma lógica muito à petista. Era muito pra ele e ele avançava também para todos os lados (...) Uma vez eu trouxe um caso, ele queria cobrar muito. Falei “Ardenghy, não é o momento de cobrar muito”. Ele falou “não, mas se a gente não cobrar muito (...) Se a gente cobrar pouco, você vê fantasmas todos os dias”.

“CÂNTICO DOS CÂNTICOS”

VALDEZ JUVAL



Convido o(a) amigo(a) a ler ou reler “ CÂNTICO DOS CÂNTICOS”.





É uma canção de amor composta no século 5º aC, de autoria do rei Salomão por ser ele o antigo magistrado a quem era atribuída a guarda do selo real, ou seja, funcionário encarregado de chancelar documentos ou diplomas.


Salomão foi gerado por Davi, rei dos Hebreus.

Como foi dito por vários autores, é difícil adivinhar a intenção da obra. Melhor é se deixar conquistar pela beleza do poema.

Este cântico se encontra no Antigo Testamento da Bíblia. Dentre as várias da minha estante, procurei uma com texto mais claro, de uma ordem mais direta, mais accessível aos meus poucos conhecimentos e ainda ousei alterar alguma coisa, com toda a certeza, sem transformar o estilo e o conteúdo. Por questão de espaço omito capítulos e versículos e me retenho a alguns diálogos.
Peço perdão ao autor da versão. Que me perdoem os leitores. A minha intenção precípua foi despertar o interesse do belo que muitas vezes existe mas desconhecemos no mundo intelectual de nossa imaginação.

1.1 - Cântico dos Cânticos de Salomão.
1.2 - Ah, se ele me beijasse,
se a sua boca me cobrisse de beijos...
As suas carícias são mais agradáveis que o vinho.
1.3 - A fragrância dos seus perfumes é suave;
o seu nome é como perfume derramado,
Não é à toa que as jovens o amam!
1.4 - Leve-me com você! Vamos depressa!
Leve-me para os seus aposentos!

4.1 - Como você é linda, minha querida!
Ah, como é linda!
Seus olhos, por trás do véu, são pombas.
Seu cabelo é como um rebanho de cabras
que vêm descendo do monte Gileade.
4.2 - Seus dentes são como um rebanho de ovelhas
recém-tosquiadas que vão subindo do lavadouro.
Cada uma tem o seu par;
não há nenhuma sem crias.
4.5 - Seus dois seios são como filhotes de cervo,
como filhotes de gêmeos de uma gazela
que repousam entre os lírios.
5.3 - Já tirei a túnica;
terei que vestir-me de novo?
5.4 _ O meu amado pôs a mão
por uma abertura da tranca;
meu coração começou a palpitar
por causa dele.
5.5 - Levantei-me para abrir-lhe a porta;
5.6 - Eu abri, mas o meu amado se fora;
o meu amado já havia partido.
Quase desmaiei de tristeza!
5.8 - Ó mulheres de Jerusalém,
eu as faço jurar:
se encontrarem o meu amado,
que dirão a ele?
Digam-lhe que estou doente de amor.

Depois do desencontro, a amada busca decididamente o amado, enfrentando perigo e humilhação.

O ponto alto do poema é a força do amor.

Foi escrito em 8 capítulos e 117 versículos.
















JERDIVAN E A SAGA DE MARINGÁ

W. J. Solha

Quando, no final do ano passado, eu era pernambucano, residia num apartamento de cobertura do bairro de Setúbal - do qual era dono, lá no Recife - construído por mim num mangue que ganhara no pôquer, tive a surpresa de, não mais que de repente, num sonho de meu neto, me ver proveniente de um engenho meu, esquisitíssimo - no município de Bonito, numa parte muito alta e fria do interior do estado vizinho – chamado... Pombal.

“Caramba – pensei – Isto é, para mim, uma sina!’

Era o primeiro longa-metragem de Kléber Mendonça Filho, “O Som ao Redor”, com estreia ainda não anunciada.

Pois bem. Participei, depois, de outro longa, esse o terceiro de Marcelo Gomes – “Era uma vez Verônica” – e, na última semana desse filme, fui convidado pra ser um tal de Coronel João, no primeiro curta-metragem de ficção de Laércio Ferreira – filme chamado “Antoninha” - rodado lá no sítio Acauã, município de Aparecida.

- Esse Coronel não tem sobrenome, Laércio? – perguntei-lhe, antes de começarmos a filmar.

- Você acha necessário?

- Daria maior peso ao personagem.

- Tem razão.

- Posso sugerir qual seria?

- Claro.

- Bezerra Wanderley. Homenagem ao meu amigo Dr. Atêncio Bezerra Wanderley, lá de Pombal.

- Ótimo! – ele disse - Meu pai tem verdadeira veneração pela memória dele! Ali estava o peso de Pombal, de novo!

“Antoninha” teve sua estreia no dia 16 próximo passado. E de repente, ontem à noite, 21 de julho de 2011, o Jerdivan (Nóbrega de Araújo) me entrega um exemplar de seu mais recente trabalho, “A Saga da Cabocla Maringá”, e começo a lê-lo imediatamente. Meu deus, lá está Pombal mais uma vez, com sua presença mágica, recriada por uma pessoa que a reverencia tanto ou mais que eu. Li o romance numa sentada. Por que? Porque é uma ideia que não sei como não foi aproveitada em todos esses anos!!! Caramba: Maringá é nome nacional! Eu mesmo escolhi a cidade em que trabalharia no Banco do Brasil, em 1962, porque imediatamente o nome dela – ao me ser submetida a escolha do destino que tomaria no BB – lembrou-me a famosíssima canção que falava de uma cabocla retirante da cidade de Pombal e eu disse, mostrando-a no mapa do Brasil que havia no setor de funcionalismo da Direção Geral do banco, que ficava no Rio, na época: “Aqui!”

Maringá é a Gabriela que Jorge Amado disse ter “sugado” da Soledade de “A Bagaceira” do José Américo, que deve tê-la “sugado” de Maringá! Como foi que eu e o Zé Bezerra vivemos oito anos na cidade e não fizemos o primeiro longa-metragem de ficção, em 35 mm, do estado, sobre ela?!!!!

Bem. e eis aí o Jerdivan com seu romance sobre essa magnífica fêmea – vida - que irrompe da seca - Morte!

Sou suspeito pra falar sobre o livro, porque tenho enorme reverência por Pombal. Mas deleitou-me ver o autor deitar e rolar sobre a caatinga como quem a conhece mais até do que a conheci como chefe da Carteira Agrícola do BB durante quatro anos, em Pombal! Deleitou-me ver o autor deitar e rolar sobre os mesmos retirantes que me forçaram a fechar a agência do BB, como subgerente, a uma invasão deles, na cidade sertaneja, nos anos 60! Os mesmos retirantes de Portinari (que vi pela primeira vez aos onze anos, no MASP, 1952, no Museu de Arte de São Paulo, ainda na Rua 7 de Abril, milênios antes de se mudar pra Avenida Paulista ), os mesmos retirantes do “Vidas Secas” do Graciliano e do filme do Nelson Pereira dos Santos, os mesmos retirantes de “Os Fuzis”, do Ruy Guerra, de “O Deus e o Diabo na Terra do Sol”, do Glauber !!!

Jerdivan fica na história de Pombal e da Paraíba com esse romance! Pelo tema e pela maneira como trabalha com ele! Pelos personagens vivos, como a própria Maringá – como seus pais, seu irmão (que nem aparece em carne e osso no livro) - como também pelo seu amado Ruy, pela empregada dele, Maria Preta, pelo Padre Amâncio e tantos outros!

Há defeitos na obra? A Perfeição não existe! Força é reconhecer que alguma coisa importante foi feita!

sexta-feira, julho 22, 2011

Evocação do Recife - Ano 2011

O Padre e o pinto... ou, o pinto do padre

Correndo na rede

O vigário de um vilarejo tinha um pintinho como mascote.

Certo dia, o pinto desapareceu, e ele achou que alguém o havia roubado.

No dia seguinte, na missa, o vigário perguntou à congregação:

- Algum de vocês aqui tem um pinto?

Todos os homens se levantaram.

- Não, não, disse o vigário, não foi isso que eu quis dizer. O que eu quero saber é se algum de vocês viu um pinto?

Todas as mulheres se levantaram.

- Não, não, repetiu o vigário... o que eu quero dizer é se algum de vocês viu um pinto que não lhes pertence.

Metade das mulheres se levantou.

- Não, não, disse o vigário novamente muito atrapalhado.Talvez eu possa formular melhor a pergunta:

- O que eu quero saber é se algum de vocês viu o meu pinto?

Todas as freiras se levantaram.

- Esqueçam, esqueçam ....melhor continuarmos a missa!!!

Isto não é ficção!



José Virgolino de Alencar






Rodovia BR-101 – Duplicando problemas


Desde 2026, com previsão inicial para ser inaugurada no final de 2008, arrasta-se a duplicação da BR-101, no trecho Recife -João Pessoa – Natal. Entramos no segundo semestre de 2011 e as obras, até agora, com um atraso injustificável, só duplicaram os problemas da velha rodovia com pista única e apenas um faixa em cada mão. É mais um capítulo da novela da corrupção e da temerosa gestão dos transportes e sua infraestrutura obsoleta, caduca e em plena desmontagem.

No domingo, dia 17/07, fomos vítimas, eu e minha esposa, do cenário de irresponsabilidade alojada no Ministério dos Transportes e no seu carro-chefe que constrói e administra as estradas federais - o DNIT. Viajando de João Pessoa a Recife, para levar ao Aeroporto dos Guararapes uma cunhada que embarcaria para Petrolina, deparamo-nos com problemas que elasteceram o tempo normal do percurso, fazendo com que ela perdesse o voo. E na volta, enfrentamos mais problemas.

No primeiro atropelo, as águas invadiram a pista da nossa mão de direção, obrigando-nos, mesmo sem qualquer aviso ou controle de fiscalização, a entrar na pista contrária, rodar um tempão na contra-mão e somente no final do desvio encontramos a Polícia Rodoviária Federal orientando para retomar a mão de direção, o que significa que eles sabiam do empecilho lá atrás, mas postaram-se no ponto de gargalo, não reclamaram de ninguém e encararam como se tudo estivesse normal.

Ao entrar em Recife, na velha BR-101 já duplicada há muito tempo, mas gasta de modo a travar o trânsito,eis que surge outro problema. Fomos avisados que, à frente, a estrada estava invadida pela água e não se poderia passar.

Voltamos para pegar o acesso por Paulista e Olinda, atravessar Recife de norte a sul, indo por Boa Viagem e finalmente chegando ao aeroporto atrasado e com o voo fechado, embora faltassem 25 minutos para a decolagem. A companhia não aceitou as justificativas, minha cunhada perdeu a passagem e foi obrigada a comprar outra para embarcar tempo depois.

Na volta a João Pessoa, novo e mais grave problema. Nas proximidades de Goiana, entramos num congestionamento longo para o local e para a hora (domingo à tarde só viaja no percurso Recife-João Pessoa ou João Pessoa-Recife quem tem importante negócio). Contudo, atribuímos o problema à duplicação, vendo os carros fluírem parecendo normal, como observando os que vinham em sentido contrário, o que nos fez pensar que a vagarosidade era apenas resultado da chuvarada que caíra. Na realidade, eram os veículos voltando porque não podiam ultrapassar Goiana, onde as águas cobriram uma ponte, como levaram parte da placa do asfalto da nova pista.

Embora a confusão já perdurasse por muitas horas, não tinha Polícia Rodoviária Federal, não tinha defesa civil, a polícia de Goiana, tão próxima, não se fez presente e os motoristas, tontos, sem opções e orientações, rodavam pra lá e pra cá, indo e voltando em busca de saída.

Depois de horas de indecisão, resolvemos mais uma vez entrar pela contramão tentando encontrar um desvio pela cidade de Itambé, pernambucana geminada com a cidade paraibana de Pedras de Fogo (a divisa entre os Estados e o limite dos municípios ficam exatamente no meio de uma rua, de um lado Pernambuco, do outro, Paraíba.

Conseguimos alcançar o desvio e nos dirigimos para Itambé/Pedras de Fogo. Bem à frente, uma patrulha da Polícia pernambucana avisou que, naquela estrada, uma ponte havia caído e não tinha acesso a Itambé. Fomos orientados a voltar, entrar mais a sul de Pernambuco, ir ao município de Condado e de lá retomar o acesso à via para Itambé. Foi o que fizemos.

Por uma estradinha estreita, esburacada, maltratada, chovendo muito, não tendo na rodovia, embora fosse uma PE, nenhuma sinalização, de quilometragem, de indicação de sentido, dos perigos, como não havia, num trecho de quase trinta quilômetros, nenhuma casa, nenhum posto, sequer esses vendedores de beira de estrada. Era o deserto total. É a chamada Zona da Mata de Pernambuco, onde a mata não é conservada, é abandonada.

Finalmente chegamos a Itambé/Pedrasde Fogo e, embora não conhecêssemos a área, sabíamos que, ao sair daquela cidade em direção ao Norte, estaríamos seguindo com destino à Paraíba. E aí foram mais trinta quilômetros de buracos, de deserto, de trecho ermo, com muita chuva, num triste percurso a partir de uma cidade que é boa geradora de receita para o Estado, mas que não recebe o devido retorno.

Assim, alongando o percurso em 60 km, retomamos a BR-101, a 40 km de João Pessoa, na pista duplicada, mas mal-sinalizada, sem qualquer iluminação, embora tenha postes e lâmpadas ao longo do trecho que se considera a entrada da capital paraibana.

Os problemas enfrentados não foram uma circunstância de azar pessoal. Foram centenas de pessoas vitimadas pela incúria de gestores irresponsáveis, motoristas desorientados que, com certeza, perderam compromissos importantes.

Não é também um caso isolado. Está bem situado no contexto da irresponsabilidade predominante no setor de transportes do país, sob o comando de uma máfia, de sanguessugas dos recursos do tesouro e a população, contribuinte dos impostos, que se lixe e se vire para enfrentar as tragédias.

O episódio me faz concluir que o país está entregue às baratas. E são baratonas anabolizadas, musculosas, alimentadas com o dinheiro público, o meu, o seu, o nosso.

Homenagem ao Pinguço






Hoje, às 10h, em pleno recinto sagrado do Teatro de Santa Isabel, no Centro do Recife, ele, Lula, o cachacista juramentado, deverá receber o título de doutor honoris causa da Universidade Federal de Pernambuco, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, e da Universidade de Pernambuco. O conchavo das acima referidas entidades há muito havia sido perpetrado, porém somente agora, devido talvez a inúmeras manifestações de amnésia alcoólica é que o apedeuta resolveu receber as "honrarias".
Já ouvi falar que a Universidade da Paraíba se prepara para o mesmo ridículo. Enlouqueceram todos? Em tempo: Morador e vivente em terras da Mauricéia desde os idos de 1959 havia há pouco requerido a minha cidadania pernambucana. Desisti. HC

Breve retrato do Brasil






Olavo de Carvalho





Diário do Comércio


O Foro de São Paulo, aquela entidadezinha que segundo os eminentes bambambãs do jornalismo brasileiro não tinha importância nem força nenhuma, aquela organização fantasmal na qual só os paranóicos enxergavam alguma periculosidade, domina agora metade da América Latina e não dá o menor sinal de cansaço na sua marcha para a conquista do continente inteiro. No Brasil, os partidos de direita agonizam. Seus líderes se afobam e se atropelam na pressa obscena de mostrar subserviência ao vencedor. O homem que entre sorrisos de auto-satisfação elevou a dívida nacional à casa dos trilhões, desgraçando as gerações futuras para ganhar os votos da presente, continua sendo aplaudido como o salvador da nossa economia e prepara seu reingresso triunfal no Palácio do Planalto. Denunciado à Justiça como corrupto e corruptor, ri e aposta, como um ladrãozinho qualquer, na lentidão dos tribunais, que não o pegarão em vida.

Os bandos criminosos, treinados e armados pelas Farc -- por sua vez amparadas pela benevolência oficial, matam 40 mil brasileiros por ano e, pela força desse exemplo, mantêm inerme e cabisbaixa uma população à qual o governo sonega tanto a proteção policial quanto os meios de autodefesa. Nas escolas, as crianças aprendem a cultuar a sodomia e a desprezar a gramática, só fazendo jus aos últimos lugares nos testes internacionais pela razão singela de que não há um lugar abaixo do último. As indústrias chamam técnicos do exterior, porque das universidades brasileiras não vem ninguém alfabetizado. Em todo o território nacional, só três coisas funcionam: a coleta de impostos, o narcotráfico e o agronegócio, que tapa o rombo aberto pelos outros dois e é, por isso mesmo, o mais odiado, o mais xingado dos três.

Os juízes usam a Constituição como papel higiênico e a única ordem jurídica que resta é a prepotência dos grupos de pressão subsidiados por fundações estrangeiras. As Forças Armadas se aviltam, respondendo a cusparadas com muxoxos e rastejando ante os que as desprezam.

A alta cultura desapareceu, há trinta anos não surge um escritor digno desse nome, as poucas mentes criadoras que restam fogem para o exterior ou definham no isolamento, o simulacro de pesquisa científica com que as universidades sugam bilhões de reais do contribuinte nada produz que valha a pena ler. Uma ortografia de loucos acabou se impondo como lei, assinada, e não por acaso, por um presidente analfabeto. Um palhaço iletrado que se elegeu por gozação é nomeado, na Câmara, para a Comissão de Cultura, um cargo para o qual, com toda a evidência, não se requer cultura nenhuma. Nas discussões públicas, as mentes iluminadas de comentaristas e acadêmicos se dispersam em mil e um detalhes fúteis, ostentando falsa esperteza sem jamais atinar com a forma geral do processo histórico que toda semana as desmente e as ridiculariza. E quanto mais erram, mais inteligentes parecem a um público que elas próprias emburreceram precisamente para isso.

Em suma, está tudo exatamente como há décadas venho anunciando que ia estar, e só me resta o consolo amargo de ter tido razão onde o erro teria sido mil vezes preferível. O povo mostrou-se incapaz de controlar seus governantes, os governantes incapazes de controlar seus mais baixos instintos, a elite nominalmente pensante incapaz até mesmo de acompanhar o que está acontecendo, quanto mais de prever o que vai acontecer em seguida.

O Brasil está dando um espetáculo de inconsciência, de insensibilidade, de sonsice irresponsável como jamais se viu no mundo. É um país que vive de mentiras autolisonjeiras enquanto naufraga em caos, sangue, dívidas e abominações de toda sorte.

quarta-feira, julho 20, 2011

Sabedoria Chinesa

Rolando na Rede!

Há apenas duas coisas com que você deve se preocupar.

Se você está bem ou se está doente.

Se você está bem, não há nada com que se preocupar.

Se você está doente, há duas coisas com que se preocupar.

Se você vai se curar ou se vai morrer.

Se você vai se curar, não há nada com que se preocupar.

Se você vai morrer, há duas coisas com que se preocupar.

Se você vai para o céu, ou vai para o inferno.

Se você vai para o céu, não há nada com que se preocupar.

Agora, se você for para o inferno, estará tão ocupado cumprimentando os velhos amigos que nem terá tempo de se preocupar.


Repasse! Não seja omisso!


Recebi e repasso!

Mais um funcionário do Ministério dos Transportes e outros dois da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S/A, foram defenestrados. A saída da súcia (depressa, chama o Aurélio) foi publicada no Diário Oficial de hoje, quarta-feira. Com os três de agora já chega a 16 o número de meliantes mandados ao olho da rua, incluindo o Alfredo Nascimento.

É muita lingüiça por debaixo desse angu. Em seis meses do governo da Dona Dilma dois ministros perdem o cargo por envolvimento nas mais tenebrosas transações. Haja herança maldita. Esse o resultado de oito anos do apedeuta. De quem é a culpa? Nossa naturalmente. Temos salvação? Podemos ter, sim! Basta deixar de ser omisso. Basta lembrar a campanha contra o Caçador de Marajás. Vamos fazer da internet a nossa Praça Tahrir no Cairo. Vamos sair dessa pasmaceira.

Abaixo alguns grilos que devem cantar embaixo do travesseiro hoje à noite. Vamos repassar para que todos saibam ou recordem! HC

Um motorista do Senado ganha mais para dirigir um automóvel do que um oficial da Marinha para comandar uma fragata!


Um ascensorista da Câmara Federal ganha mais para servir os elevadores da casa do que um oficial da Força Aérea que pilota um Mirage.


Um diretor que é responsável pela garagem do Senado ganha mais que um oficial-general do Exército que comanda uma Região Militar ou uma grande fração do Exército.


Um diretor sem diretoria do Senado, cujo título é só para justificar o salário, ganha o dobro do que ganha um professor universitário federal concursado, com mestrado, doutorado e prestígio internacional.


Um assessor de 3º nível de um deputado, que também tem esse título para justificar seus ganhos, mas que não passa de um "aspone" ou um mero estafeta de correspondências, ganha mais que um cientista-pesquisador da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, com muitos anos de formado, que dedica o seu tempo buscando curas e vacinas para salvar vidas.


O SUS paga a um médico, por uma cirurgia cardíaca com abertura de peito, a importância de R$ 70,00, equivalente ao que uma diarista cobra para fazer a faxina num apartamento de dois quartos.


PRECISAMOS URGENTEMENTE DE UM CHOQUE DE MORALIDADE NOS TRÊS PODERES DA UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS, ACABANDO COM OS OPORTUNISMOS E CABIDES DE EMPREGO.

OS RESULTADOS NÃO JUSTIFICAM O ATUAL NÚMERO DE SENADORES, DEPUTADOS FEDERAIS, ESTADUAIS E VEREADORES.

TEMOS QUE DAR FIM A ESSES "CURRAIS" ELEITORAIS, QUE TRANSFORMARAM O BRASIL NUMA OLIGARQUIA SEM ESCRÚPULOS, ONDE OS NEGÓCIOS PÚBLICOS SÃO GERIDOS PELA “BRASILIENSE COSA NOSTRA”.

O PAÍS DO FUTURO JAMAIS CHEGARÁ SEM QUE HAJA RESPONSABILIDADE SOCIAL E COM OS GASTOS PÚBLICOS.

JÁ PERDEMOS A CAPACIDADE DE NOS INDIGNAR. PORÉM, O PIOR É ACEITARMOS ESSAS COISAS, COMO SE TIVESSE QUE SER ASSIM MESMO, OU QUE NADA TEM MAIS JEITO.

VALE A PENA TENTAR. PARTICIPE DESTE ATO DE REPULSA.

REPASSE! NÃO SEJA OMISSO!

terça-feira, julho 19, 2011

Éramos Mais Unidos aos Domingos

Stanislaw Ponte Preta
(Sérgio Porto)

As senhoras chegavam primeiro porque vinham diretas da missa para o café da manhã. Assim era que, mal davam as 10, se tanto, vinham chegando de conversa, abancando-se na grande mesa do caramanchão. Naquele tempo pecava-se menos, mas nem por isso elas se descuidavam. Iam em jejum para a missa, confessavam lá os seus pequeninos pecados, comungavam e depois vinham para o café. Daí chegarem mais cedo.

Os homens, sempre mais dispostos ao pecado, já não se cuidavam tanto. Ou antes, cuidavam mais do corpo do que da alma. Iam para a praia, para o banho de sol, os mergulhos, o jogo de bola. Só chegavam mesmo — e invariavelmente atrasados na hora do almoço. Vinham ainda úmidos do mar e passavam a correr pelo lado da casa, rumo ao grande banheiro dos fundos, para lavar o sal, refrescarem-se no chuveiro frio, excelente chuveiro, que só começou a negar água do Prefeito Henrique Dodsworth pra cá.

O casarão, aí por volta das 2 horas, estava apinhado. Primos, primas, tios, tias, tias-avós e netos, pais e filhos, todos na expectativa, aguardando aquela que seria mais uma obra-mestra da lustrosa negra Eulália. Os homens beliscavam pinga, as mulheres falando, contando casos, sempre com muito assunto. Quem as ouvisse não diria que estiveram juntas no domingo anterior, nem imaginaria que estariam juntas no domingo seguinte. As moças, geralmente, na varanda da frente, cochichando bobagens. Os rapazes no jardim, se mostrando. E a meninada, mais afoita, rondando a cozinha, a roubar pastéis, se fosse o caso de domingo de pastéis.

De repente aquilo que Vovô chamava de "ouviram do Ipiranga as margens plácidas". Era o grito de Eulália, que passava da copa para o caramanchão, sobraçando uma fumegante tigela, primeiro e único aviso de que o almoço estava servido. E então todos se misturavam para distribuição de lugares, ocasião em que pais repreendiam filhos, primos obsequiavam primas e o barulho crescia com o arrastar de cadeiras, só terminando com o início da farta distribuição de calorias.

Impossível descrever os pratos nascidos da imaginação da gorda e simpática negra Eulália. Hoje faltam-me palavras, mas naquele tempo nunca me faltou apetite. Nem a mim nem a ninguém na mesa, onde todos comiam a conversar em altas vozes, regando o repasto com cerveja e guaraná, distribuídos por ordem de idade. Havia sempre um adulto que preferia guaraná, havia sempre uma criança teimando em tomar cerveja. Um olhar repreensivo do pai e aderia logo ao refresco, esquecido da vontade. Mauricinho não conversava, mas em compensação comia mais do que os outros.

Moças e rapazes muitas vezes dispensavam a sobremesa, na ânsia de não chegarem atrasados na sessão dos cinemas, que eram dois e, tal como no poema de Drummond, deixavam sempre dúvidas na escolha.

A tarde descia mais calma sobre nossas cabeças, naqueles longos domingos de Copacabana. O mormaço da varanda envolvia tudo, entrava pela sala onde alguns ouviam o futebol pelo rádio, um futebol mais disputado, porque amador, irradiado por locutores menos frenéticos. Lá, nos fundos os bem-aventurados dormiam em redes. Era grande a família e poucas as redes, daí o revezamento tácito de todos os domingos, que ninguém ousava infringir.

E quando já era de noitinha, quando o último rapaz deixava sua namorada no portão de casa e vinha chegando de volta, então começavam as despedidas no jardim, com promessas de encontros durante a semana, coisa que poucas vezes acontecia porque era nos domingos que nos reuníamos.

Depois, quando éramos só nós — os de casa — a negra Eulália entrava mais uma vez em cena, com bolinhos, leite, biscoitos e café. Todos fazíamos aquele lanche, antes de ir dormir. Aliás, todos não. Mauricinho sempre arranjava um jeito de jantar o que sobrara do almoço.

Uma notícia boa dessas ...


Wilson Lima - iG Maranhão em 18/07/2011

José Sarney e Roseana dizem que vão largar a política em 2014.
Presidente do Senado e Governadora do Maranhão afirmam que
não vão mais disputar cargos públicos

O senador José Sarney e sua filha, Roseana

Durante o lançamento no Maranhão do livro “Sarney, a Biografia”, escrito pela jornalista Regina Echeverria, em um shopping de São Luís, tanto o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), quanto sua filha, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), afirmaram que não pretendem mais se candidatar a cargos eletivos nas próximas eleições.

Sarney afirmou que o mandato atual como senador é o seu último. Após a vida política, o presidente do Senado pretende dedicar seu tempo à literatura. “Não vou participar de nenhuma eleição. Vou assistir como espectador às eleições”, disse Sarney.

Desde o ano passado, Roseana vem afirmando que o mandato atual como governadora será o último. Ela pretende se dedicar mais à família e aos filhos. Questionada sobre o fato de ser uma eventual sucessora do presidente do Senado, Roseana apenas afirmou. “Não falo sobre isso. Eu também vou me retirar da política”.

"Não vou participar de nenhuma eleição. Vou assistir como espectador às eleições", disse Sarney

No caso de Roseana, isso não significa que a filha do senador Sarney irá deixar as articulações do grupo político no Estado. Para as eleições do ano que vem, já existem conversas do grupo político ligado à governadora com o intuito de lançar um candidato tanto à Prefeitura de São Luís quanto de outras cidades importantes no Estado.

Dos três membros da família Sarney que ainda detém mandato eletivo, nesse momento apenas Sarney Filho (PV) não fala em aposentadoria. Apesar disso, ele afasta qualquer comentário sobre uma eventual “herança política” do presidente do Senado.

“Primeiro lugar, em política não tem herança. Política não é um bem. Política você tem que ter votos. Agora, enquanto tiver confiança do povo, eu acho que tenho um serviço a prestar ao Brasil. A minha causa é a causa do desenvolvimento sustentável. É a causa do meio ambiente e tenho ainda muito o que fazer. Se o povo do Maranhão desejar, ainda continuarei sendo o representante do povo”, disse Zequinha Sarney.