segunda-feira, setembro 26, 2011

Desventuras em série do macaco Chico!




Téta Barbosa


Eu achando que o Recife era um grande centro urbano quando um macaco veio colocar minha teoria por árvore abaixo.

Sim, minha gente, um macaco!

Chico, o fujão, saiu em desabalada carreira quando um funcionário do Parque 13 de Maio deu bobeira. O bicho se danou pelas ruas do Recife tocando o terror.

O símio ficou 17 anos preso no parque, ao lado do corredor de ônibus mais movimentado da cidade, ouvindo buzina, respirando dióxido de carbono e comendo porcaria. É claro que ele queria pegar o beco e correr sem olhar pra trás.

Até aí, tudo bem. Chico tem todo o direito de querer lavrar (fugir em pernambuquês) do cativeiro. A confusão começou quando as equipes de órgãos federais, estaduais e municipais, se atropelaram durante dias nas tentativas frustradas de capturar o bicho.

Vai parecer que eu estou inventando para deixar essa crônica mais interessante, mas juro que o que vou narrar aconteceu de verdade:

Primeiro os bombeiros chegaram para tirar o macaco da árvore, mas a escada era pequena demais e eles desistiram. Então trouxeram, no dia seguinte, uma escada maior, mas ficaram com medo de morrer eletrocutados (já que esqueceram de avisar à Celpe para cortar a energia).

Depois o Ibama conseguiu atrair o bicho, mas ele se assustou com o trânsito (até o macaco estilou os engarrafamentos), já que esqueceram de avisar à CTTU para interditar a área. Aí um jornalista, no meio da confusão, perguntou – Alguém já chamou a Brigada Ambiental?

- O que? respondeu a veterinária responsável pelo caso. - Nunca ouvi falar disso!

Os veterinários ofereceram banana com tranqüilizante para Chico, que olhou lá de cima da árvore e cantou:

– Manda mais dessas bananinhas que “aliviam e temperam, porque os remédios normais nem sempre aliviam a pressão”.

No quarto dia de busca, Chico foi capturado por uma manicure. O jornalista Carlos Eduardo Santos, que estava no momento da apreensão do macaco drogado, afirmou que ele resistiu à prisão e disse em entrevista exclusiva: “Eu estudo no Damas” (*explicação para não recifenses: Damas é um colégio de classe média alta de onde fugiram duas crianças de 5 anos. Seis funcionários foram demitidos e a escola processada.)

Por falar nisso, tô achando que um desses funcionários agora trabalha no parque.

Resumo: ou esse bicho é tão inteligente que merece o Nobel, ou nós, aqui de Hellcife, estamos encrencados com o despreparo do poder público da nossa cidade nem tão maravilhosa assim.


Téta Barbosa é jornalista, publicitária, mora no Recife e vive antenada com tudo o que se passa aqui e alhures. Ela também tem um blog - http://www.batidasalvetodos.com.br/de onde pedimos emprestado este texto.

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