terça-feira, novembro 22, 2011

Testosterona Feelings!


by Téta Barbosa




Nenhum lugar no mundo tem tanta concentração de hormônios femininos como numa sala de espera de um consultório ginecológico.

Ontem passei quase duas horas nesta anti-sala do inferno esperando ser atendida pelo médico queridinho de todas as grávidas do norte/nordeste.

Sim, todas estavam grávidas. E eram muitas. Algumas, inclusive, levaram suas crias da barriga anterior para o consultório, além do barrigão de 7 meses.

Ou seja, grávidas e crianças pequenas correndo e gritando numa minúscula e minimalista sala de espera.

Eu, ali, me sentindo a alien da situação, tentava me concentrar na leitura das revistas de oito meses atrás. Até porque no dia que você encontrar um consultório com revistas do mês, me avisa que eu mudo de médico na hora!

Tentei, durante a primeira meia hora, ficar alheia àquela conversa sobre fraldas, amamentação e doenças infantis até que, a mulher sentada do meu lado, que carregava Sofia no colo, soltou esta pérola:

“Sofia adora ar condicionado. Ela ama o frio”.

Certo. Todos nós, moradores no Nordeste, amamos ar condicionado. O ar condicionado deveria, inclusive, fazer parte do pacote dos direitos humanos. Mas como, eu me pergunto, em nome da ciência, Sofia, que tem apenas 22 dias de nascida, conseguiu demonstrar que prefere o frio ao calor? Como, minha gente?

Observei Sofia durante algum tempo. Ele nem consegue levantar a cabeça e durante as duas horas de espera, ela passou 20 minutos mamando e o resto do tempo dormindo. Claro, é isso que os recém nascidos fazem! Eles mamam e dormem, dormem e mamam.

A não ser que Sofia seja super-dotada ou a mãe em questão tenha poderes de ler pensamentos, Sofia NÃO prefere frio ao calor. E,se prefere, NÃO conseguiu demonstrar.

O fato em questão só demonstra a teoria, amplamente difundida no meio científico: as mães são loucas. Fato absolutamente plausível considerando que as mães de recém nascidos tem pouquíssimas horas de sono.

A mãe de Sofia tinha olheiras de Nosferatu e aquele jeitinho de quem dormiu 8 horas na última semana inteira. Perdoada.

Mas, a mãe/louca continuou a descrever, para a amiga grávida ao lado, as peripécias da pequena Sofia. Com ares de “aqui fala a voz da experiência”, já que a colega de sala de espera ainda espera o primeiro filho, ela ficou ali enumerando as heróicas ações da super poderosa Sofia.

Eu já estava preparada para pedir uma gilete para a secretária, com o intuito de cortar os pulsos publicamente, quando o médico me chamou.

Ele não entendeu quando, ao entrar no consultório, eu dei uma abraço forte nele e disse:

- Eu amo testosterona!

Téta Barbosa é jornalista, publicitária, mora no Recife e vive antenada com tudo o que se passa aqui e alhures. Ela também tem um blog - http://www.batidasalvetodos.com.br/

4 comentários:

Unknown disse...

Pois é Téta, parabéns por sua crônica, mas mulher é o que é...


Mulher! És essência de vida;
sublimação dos deuses;
sim, és tu auto-criação,
além de nos parir, te paris,
em essência, encarnação,
pois tu és dessa argila:
Gorda, magra, feia, bela;
de calada a tagarela.
À Luz só tu podes dar
nem por isso te arrogas
supremo poder de a tirar.
És essência, és mulher!...


Delmar Fontoura.



PS: Conheço as mulheres, pois nasci de uma; irmanei de duas; amei muitas; casei com duas; sou responsável pelo parimento de uma e padrasto de duas... ...vocês são assim mesmo... ...sublimação... ...por isso amo as mulheres!...

Mary disse...

Esse agito de sala de espera de consultório ginecológico não tem nada de novo, descrito nesse texto "tragicômico" de Téta é de gargalhar, já começa pelo título.
Beleza! O melhor é ser merecedora de poema (lindo por sinal) do Delmar.

Márcia Barcellos da Cunha disse...

Téta,

Acho bem desconfortável a situação de estar aguardando na sala de espera de algum consultório, embora o melhor caminho de cuidar da saúde seja este mesmo.Graças à Deus que temos os médicos para nos ajudar! Agora, aguentar certas conversas é de doer a alma.Sofrendo duas vezes... Grande abraço. Márcia

Márcia Barcellos da Cunha disse...

Delmar Fontoura,

Que delicadas foram suas palavras.Que homenagem singela para todas nós mulheres.Obrigada.Um abraço. Márcia