terça-feira, novembro 29, 2011

Via Láctea!

Téta Barbosa

Via Láctea (que sempre me lembra farinha láctea) é um dos poucos poemas que sei decorado. Uma parte só, pra ser sincera, porque o poema, de tão longo, parece aquele crédito inicial de Star Wars, que vai subindo a história do universo e não acaba nunca.

Não sei exatamente porque decorei justamente um poema de Olavo Bilac, por quem não tenho nenhum laço afetivo particular. Acho até ele meio chato. Meio exagerado. Drama Queen total.

Mas, sempre que preciso passar por intelectual, normalmente para impressionar alguém, lá estou eu recitando Via Láctea como se Olavo fosse meu best friend de infância e me seguisse no twitter.

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” (…)
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

Acho bonito. Só essa parte. E, costumava olhar para o céu (aqui em Aldeia dá para ver estrelas) e pensar nessa parte do poema. Até que um dia, uma amiga disse que céu estrelado lembra um rosto cheio de espinhas.

Odeio gente realista.

Lá se foi todo romantismo literário do firmamento. Isso porque da Lua eu nunca gostei. Não sei, acho ela meio prepotente. Meio amostrada demais. Acho caído esse negócio de São Jorge morar lá num cavalo branco. Se fosse verdade, ele já teria tentado suicídio de tanto tédio. E, como li no livro de Lula Falcão uma frase de Maiakovoski : “prefiro morrer de vodka do que de tédio”, São Jorge deve ter enchido a cara pra não cortar os pulsos.

A lua é um tédio só. É por isso que os americanos foram lá, fincaram a bandeira gringa e deram meia volta na mesma hora.

- Oxe, e a gente ia ficar fazendo o que lá? Disse Neil Armstrong quando desceu do Apollo 11.

Hoje a noite não tem estrelas. Não tem lua. Deve tá rolando uma greve celestial encabeçada pela estrela cadente que tá puta com tanto pedido!

Você já viu uma estrela cadente? Se viu, já fez um pedido? Se fez, ele foi atendido?

A resposta é não, porque a estrela cadente é, na verdade, um corpo celeste formado por plasma. E, desculpem a sinceridade, mas plasmas não costumam atender pedidos!

Moral da história: estrelas são espinhas de plasma e São Jorge, que morava na lua, morreu de cirrose hepática.

Melhor dar um unfollow em Olavo Bilac e seguir com a vida.

No mais, uma ótima semana para você!

*Oficialmente no meu inferno astral! (porque, como diria Nietzsche “É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.”)

Téta Barbosa é jornalista, publicitária, mora no Recife e vive antenada com tudo o que se passa aqui e alhures. Ela também tem um blog - http://www.batidasalvetodos.com.br/

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