domingo, dezembro 25, 2011

A classe média paga o peru


José Virgolino de Alencar

A classe média, nos seus diversos estratos, média- alta, média-média e média-baixa, em sua pesada maioria, não apoia o governo lulodilmopetista, ao contrário, contesta os caminhos da gestão petista.

Embora os petistas resistem em admitir, essa posição é fruto da formação cultural-intelectual, nível de escolaridade, de informação, enfim, de cabeça feita, que tem no hemisfério norte da mente uma direção segura para o que pensa e o que quer. Por isso, rejeita a enganação que se instalou no país, soi disant socialista, mas a realidade aponta para uma corrente retrô em matéria de política social e econômica.

Ainda por cima, esse modelo excessivamente concentrador de renda, com transferência invertida, de baixo para cima, é alimentado pela classe média via impostos e encargos dos quais ela não tem como escapar.

Pagando uma pesada carga tributária e consumindo os produtos de sua necessidade vital, como os da modernidade, é a classe média que sustenta o mercado, dá-lhe as gorduras monetárias que vão para os obesos bolsos das grandes corporações e dos banqueiros. Sem classe média não há economia.

O dinheiro da classe média viaja para o cofre do governo e do mercado, permitindo que, pelo peso na consciência de tanto dinheiro juntado, a alta elite conceda as esmolas para as classes menos favorecidas, para os necessitados e meio esquecidos do sistema.

Meio esquecidos, sim, mas, pelo menos no Natal, a demagogia é maior e muitos correm com presentes e doações, achando que num dia minoram a situação dos desvalidos.

As doações residuais das elites de consciência pesada têm origem exatamente no consumo da classe média. É certo que as benemerências também ajudam o mercado, porque, com as esmolas recebidas, o pobre vai comprar alguma coisa que lhe engane a barriga faminta, compra esta que irriga dinheiro pelos tubos que o conduzem de volta à mão do sistema.

É assim que, na festa consumista natalina, onde se lembra mais de comer e beber do que homenagear o menino-promessa-de-salvação nascido nessa data, todo mundo come o seu peru (a ave!), a alta elite, a classe média e a multidão de excluídos nos demais dias do ano.

Esses perus, gordo e bem recheado (classe alta), menos gordo mas bem temperado (classe média) e magro e destemperado (classe pobre), são todos financiados pela renda do trabalho da classe média.

Os governistas têm dificuldades de entender essa realidade, xingam a classe média, ficam nervosos diante das críticas irrespondíveis, incomodam-se com o pensamento livre desse segmento esclarecido da sociedade brasileira, mas não deixam de degustar um peruzinho pago pela classe que economicamente é “B”, mas intelectualmente é classe “A”.

No fim, a classe “A” paga o faisão, a classe “B” paga o peru e da classe “C” para baixo se paga o pato.

De qualquer modo, bons perus natalinos para todos.

Nenhum comentário: