terça-feira, dezembro 27, 2011

Levando o camarão para passear!


Téta Barbosa




“O marido chega da pescaria e a mulher pergunta:

- E aí, o que pescou hoje?
- Três pintados, quatro dourados e um jaú!
- Impossível!
- Como assim, impossível?
- Porque você só saiu de casa com vinte reais!”

Foi o que rolou em Tamandaré quando Feinho (apelido carinhoso de Marcelo, amigo do meu irmão) chegou da pescaria na quinta-feira pela manhã.

Só ele acordou cedo, só ele saiu pra pescar, logo, só ele voltou com um robalo.

Indignados e revoltados, os homens da casa (meu filho, meu pai e meu irmão) queriam saber onde ele tinha comprado, quanto tinha custado e como ele tinha conseguido adquirir um peixe fresco descongelado antes das sete da manhã.

- Eu pesquei, meu filho.

- Duvide-o-dó!

Isso porque os machos alfa dominantes da casa estavam há dias saindo pra levar os camarões pra passear. Sim, digo pra passear porque os camarões iam e voltavam vivos da pescaria. Nossa casa de veraneio estava praticamente se transformando numa fazenda de carcinicultura (técnica de criação de camarões em viveiros, pra quem não quer ter o trabalho de perguntar ao Google).

Ninguém trazia nada. Era o estilo procurando Nemo (que devia estar bem escondido).

- Esse Nemo é um estilão. Não sabe brincar de morder a isca!

Victor ali, só observando. Mas,no mesmo dia a tarde perguntou se podia ir pescar sozinho. Como eu tinha tomado três cervejas e não entendi bem a pergunta, deixei. Lá foi ele. Andou 4km até Carneiros e voltou três horas depois. Cheio de experiência. Zero peixe.

No dia seguinte, foram todos de barco para o alto mar. Nada.

No samburá só veio mesmo uma inveja disfarçada de deboche do único pescador que chega em casa com peixe: Feinho (que é até bonitinho, diga-se de passagem).

Mas raiva mesmo, eles tiveram no segundo dia quando nós, mulheres da casa, fritamos os camarões no alho e oléo pra comer como petisco para cerveja. Nada mais justo. Os camarões já estavam tontos de tanto ir e vir.

No sábado de manhã Victor levantou virado na moléstia:

- Vou trazer um peixe hoje nem que eu tenha que comprar!

E, como diz Chico Buarque “quem espera nunca alcança”, ele não esperou. Saiu besuntado de protetor solar fator maior que tinha na casa, pegou uma isca de plástico e só voltou com o Robalo.

Confesso que, mesmo sendo meu filho, só acreditei que foi ele que pescou porque meu pai filmou o danado do peixe saindo da água se debatendo todo.

Fotos, aplausos, elogios. Só felicidade.

De noite ele disse:

- Coitado do peixe. Esse negócio de pescaria é sacanagem, pô.

Moral da história: o peixe se fudeu!

Moral da história 2 : A gente nunca está feliz com o que tem.

*Essa não é uma história de pescador!

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