sábado, janeiro 28, 2012

Aprisionado nos limites do ninho


José Virgolino de Alencar





Torres, muitas e imensas torres, floresta de concreto,

cercam meu universo, minha galáxia, onde vivo;

entrego-me à reflexão, a indagar pensativo

sobre a ameaça de que meu ilhado teto



torne-se irrespirável e eu, cassado o direito a veto,

tenha que resignar-me, mãos atadas, inativo,

ante a força desumana do sistema especulativo,

hedonista, que faz da ambição primacial projeto.



Suprime-se de minha vista o belo e fascinante

nascer e pôr do sol; nem abre, pra meu deleitar,

sequer uma frestinha, por onde, do alto mirante,



possa dar à mente o saudável repouso, vendo o mar;

sinto-me, assim, pássaro aprisionado, vida sufocante,

vagando nos limites do ninho, sem asas para voar.



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