domingo, janeiro 29, 2012

Incidente no Big Ben




Hugo Caldas



Estas mal traçadas nada têm a ver com o famoso símbolo da pontualidade britânica, ponto de referência da Cidade de Londres. Têm a ver com a rede de farmácias Big Ben em que pese a peculiar denominação, para um local em que, além de produtos de beleza, sabonetes, preservativos, perfumes e outros badulaques, eventualmente até adquirimos medicamentos. Estas mal traçadas têm a ver com a Farmácia Big Ben da Avenida Conselheiro Aguiar, em frente ao Mercado Público de Boa Viagem.

O caso eu conto:

Sexta-feira, dia nublado, especialmente difícil para este locutor que vos fala, respirar. Isso mesmo, respirar! Fato agravado ainda mais, mercê a minha própria negligência, de não dispor em casa do indispensável remédio. Após várias peripécias e mil telefonemas a fim de descobrir qual a farmácia com o preço mais em conta, partimos em busca de algo tão miraculoso, uma poção mágica tão importante como ir ao encalço do Santo Graal. Necessário se faz levar ao conhecimento de todos que até pouco tempo o governo supria a minha necessidade desse medicamento (caro) por intermédio do SUS. Ocorre que cismaram de fazer o milionésimo, sempre ele, recadastramento e ó infelicidade, descobriram que eu moro em Boa Viagem, considerado bairro de barão, portanto, intuíram que eu poderia arcar com a compra do medicamento usando os meus parcos proventos de aposentado. O fornecimento foi devidamente cancelado. Mas, voltemos à Farmácia Big Ben, da Avenida Conselheiro Aguiar, em frente ao Mercado Público, razão maior dessa postagem.

Ao chegar à farmácia Big Ben defronte ao Mercado de Boa Viagem, fui muito bem atendido por um rapaz solícito, com quem antes falara ao telefone, bem jovem ainda. Fiz-lhe a solicitação do medicamento.

A essa altura ele já percebera a minha dificuldade até para falar. Eu literalmente resfolegava.

- O senhor não tomou esse remédio hoje, não foi?
- Confirmei.
- O senhor tem cadastro aqui conosco?
- Que cadastro, meu caro?
- Esqueça. Me dê o número do seu CPF.

Ele então rapidinho me deu o preço de R$ 73,50, entregou o remédio dentro de pequena sacola e me encaminhou para pagamento no caixa da saída, com a recomendação:

- Tome logo esse remédio, senhor!

E foi exatamente aqui que se iniciou o quiprocó. Só havia um caixa vago que era ocupado por uma gordinha muito mal-encarada. Novamente a perguntinha angustiante:

- O senhor tem cadastro aqui? Pouco se lhe dava se eu mal conseguia andar ou falar, resfolegante, roguei:
- Moça, por favor, deixa isso pra lá, eu preciso tomar esse remédio, agora! Eu não sei de cadastro nenhum.
- Ah, não tem? Então o preço é R$ 82.30, determinou arrogante.
- Como? Protestei. O rapaz que me atendeu falou em R$ 73,50.
- Mas é preciso fazer o cadastro, insistiu, autoritária. Voltei quase rastejante ao rapaz distinto, lá no fundo da loja, que reagiu:
- Mas eu já fiz o cadastro por aqui, e se encaminhou até à "fräulein" espaçosa...

Nesse exato instante a minha mulher vem chegando pois estava tentando estacionar o carro o mais perto possível. Entreguei-lhe o dinheiro e a árdua missão de contracenar com a gorda mal educada. O rapaz solícito resolveu tudo não sem antes lhe fazer uma admoestação: "não precisava disso, eu já havia feito o cadastro dele aqui no sistema, ele precisa com urgência do medicamento", disse.

Saí da loja com a convicção de não voltar lá por um bom tempo.

Falta de respeito é algo que eu não consigo admitir. Principalmente com idosos. Principalmente se o idoso está em uma emergência. Fundamental para qualquer estabelecimento comercial que o trato com o público seja cortês, educado, preciso. Digo e afirmo, ex professor, antigo instrutor de Técnicas de Vendas do Sebrae. Talvez seja isso o que me faz infeliz, ao perceber que os anos passaram e os atendentes continuam tão despreparados, e tão plenos dos vícios que há tempos eu mesmo combatia.

O cliente é a razão de ser de qualquer comércio. Isso não significa entretanto que este mesmo cliente tenha sempre razão. Não é isso. O atendente, por sua vez, precisa ter em mente que é a cara da Empresa, deve ser antes de tudo, prestimoso sem ser servil. Deve conhecer o produto que está vendendo. Sem o cliente o comércio não sobrevive, simples, não?

Por outro lado para ser cortês, prestimoso, conhecedor do produto, é preciso ter a vontade de trabalhar. É preciso saber que mil e um candidatos à sua vaga estão se preparando. Portanto mister se faz deixar de lado quaisquer problemas, por maiores que possam parecer. Ao cliente pouco importa as suas preocupações. Ele está comprando e consequentemente pagando. Se o seu/sua namorado/a não compareceu apesar da camisola sensual ou do pijama sexy, para ele, cliente, pouco importa.

Recado à Farmácia Big Ben em frente ao Mercado de Boa Viagem: Tira essa mal amada da convivência com o público. Transferir para o estoque a conferir mercadorias seria uma boa alternativa.

E por último mas não menos importante: Atenção velhotes deste meu Brasil Varonil: Muito cuidado com essa gorda, caixa da Farmácia Big Ben da Avenida Conselheiro Aguiar, em frente ao Mercado Público de Boa Viagem. Ela pode morder.

6 comentários:

Márcia Barcellos da Cunha disse...

Hugo,
Lamentável fatos dessa natureza.Seu relato é exatamente o retrato da total falta de respeito que infelizmente vivenciamos. Creio que os estabelecimentos de uma maneira geral, sofrem muitos prejuízos com funcionários tão desqualificados. O consumidor então? Coitado!É o mais prejudicado.Não há preocupação com atendimento, não há educação no trato com o público. É uma tristeza.Grande abraço. Márcia

Mary Caldas disse...

Hugão
Bom o seu desabafo no blog! Assim vc respira aliviado por toda desatenção e falta de respeito que vivenciou na compra de um simples medicamento.
Infelizmente são muitas as pessoas que passam por este tipo de constrangimento, e os idosos na sua maioria.

Claudia Silva disse...

Que lamentável historia, essa mulher deveria ter boas aulas de educação, e se ligar quando uma pessoa está passando mal. Claudinha

W.J. Solha disse...

Quer dizer que v. é praticamente vizinho de meu personagem no filme Era uma vez Verônica, do Marcelo Gomes. "Eu" morava no edifício Gilka não sei o que, na Conselheiro Aguiar, com colunas em V, tipo Brasília, bem decadente. Se o Ministério da Saúde se baseasse por ele, veria que v. tem direito a toda atenção do SUS. Solha

Jorge Zaupa disse...

Paraíba da gema, pessoas como essa gordinha têm a certeza que nunca envelhecerão. Mas a culpa não é só dela. Seu empregador deveria ter a sensibilidade de colocar o funcionário certo na função certa.
Ontem fui a PB tomar um banho e civilização.

Lise Cavalcanti disse...

HUGO QUERIDO PRIMO.
Fiquei meio "P da Vida" com a atendente da Farmácia.
Ai se eu pego essa despreparada ignara ! ...Beijos Lise