segunda-feira, março 26, 2012

Bahia: Carnaval do apartheid


Ou como faturar R$ 14,4 milhões, pagando R$10,58 à prefeitura.

Ser empresário de bloco ou camarote no Carnaval da Bahia, não tem preço! Números estarrecedores foram publicados na Revista Metrópole: o bloco Camaleão fatura, apenas com a venda de abadás, R$ 6,65 milhões; o Me Abraça, R$ 5,4 milhões, fora patrocínios; o Corujas,4,94 milhões. Tudo isso em apenas três dias. Já os camarotes faturam assim: o Do Reino, R$ 7,2 milhões; Nana Banana, R$ 6,2 milhões; Camarote Salvador, R$ 14,4 milhões, fora os patrocínios.

Sabe quanto um empresário paga de taxa à Prefeitura para montar um camarote no circuito do Carnaval? R$ 10,58 de taxa inicial e mais 42,34 por metro quadrado. Uma pechincha, negócio da China. Os empresários não bancam, nem de longe, o custo da festa. Então, quem banca?

O Governo do Estado e a Prefeitura investem R$ 30 milhões para colocar polícia na rua, realizar a limpeza, montar e desmontar toda infraestrutura, pagar equipes de saúde, etc., etc., etc. Mas o dinheiro do Governo do Estado e da Prefeitura sai do bolso dos contribuintes soteropolitanos e baianos.

Uma pesquisa divulgada recentemente no jornal A Tarde constatou que 76% da população de Salvador não pula carnaval, e mesmo os 24% que pulam ficam espremidos entre tapumes e cordas de blocos. É injusto e absurdo bancar essa festa imensa com dinheiro público. Essa conta deve mudar de mãos. Quem fatura com o Carnaval tem que bancar a festa.

Gostaria muito de saber a opinião dos que criticam o Bolsa Família como uma “esmola que deixa o povo dependente do governo” para saber o que eles acham dessa “superesmola” que dá lucro absurdo a empresas e mais empresas no carnaval às custas dos investimentos públicos. Tudo precisa ser mudado. Quer fazer Carnaval? Faça para o povo baiano também!

Daniela Mercury ficou revoltada com a Prefeitura porque não atenderam ao seu pedido de elevar a altura dos fios da rede elétrica. Segundo ela, o seu novo trio elétrico ficou um pouco mais alto o que colocaria sua vida em risco. O custo desse pedido, só no circuito da Barra seria de mais de três milhões de reais.

Enquanto isso o hospital Martagão Gesteira declara que a Prefeitura de Salvador há dois meses não paga uma dívida de R$ 2 milhões e o hospital corre o risco de fechar este mês e 700 crianças ficarão sem tratamento, mas para o carnaval nos bairros da Barra-Ondina foram gastos, sem titubear, R$ 60 milhões pelos gestores municipal e estadual.

O carnaval é prioritário, a saúde não.

Isso é Salvador-Bahia-Brasil...

Extraído do Montbläat - 427

Nenhum comentário: