quarta-feira, maio 23, 2012

Tiro&Queda 23.5.12 quarta-feira





Eduardo Almeida Reis


Ordem e Progresso – É visível e inegável o progresso nos bairros e municípios do entorno da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, construída em algum lugar entre Belo Horizonte e Montes Claros. Penso que o exemplo deve servir para os demais estados, se tiverem a inteligência de construir cidades administrativas em regiões que peçam desenvolvimento rápido.

O Amazonas, por exemplo, deve transferir sua administração de Manaus para Jutaí, o Rio de Janeiro para Santa Maria Madalena e o Mato Grosso para Colider. Guardadas as proporções, Colider, Santa Maria Madalena e Jutaí não ficam mais distantes de Manaus, do Rio e de Cuiabá do que a Cidade Administrativa da cidade de Belo Horizonte.

Banana orgânica – Estrada de terra  intransitável é comigo mesmo. Diploma de que muito me orgulho foi o que recebi de um empregado na roça mineira: “No barro, o senhor é pedra noventa”. Noite dessas, peguei o final do programa Via Brasil, com a repórter metida num veículo estranhíssimo, invenção local, transitando por estrada indescritível.

Foi no Paraná. Chegaram à roça do condutor do veículo, pirambeiras e matas preservadas, onde o casal de sitiantes produz bananas orgânicas. Casa modesta, aves criadas à solta no terreiro, a mulher fazendo artesanato com palha de milho, portanto artesanato orgânico, e o marido orgulhoso de conservar os 240 hectares do jeito que seu avô os comprou.

Parecia casal feliz. Todo mundo que mora em lugares diferentes é feliz, ainda não atinei por quê. Nos anos todos em que vivi sem estrada, luz e telefone, com mulher e filhas, fui felicíssimo. Tomei gosto pela história e continuo feliz.

Encuquei, na reportagem televisionada, com a banana orgânica. Ora, bolas: no Brasil, toda banana, que não seja plantada em escala “industrial”, é orgânica. A começar pelo fato de a moita de bananeiras sempre ter sido e continuar sendo o banheiro mais ecológico do planeta. O sujeito entra na moita, faz o que precisa fazer e sai de lá feliz da vida. Em verdade vos digo: para ficar perfeito, só falta ao banheiro ecológico um bidê.

Bico fechado – Certos assuntos, melhor não os abordar. Os leitores que me acompanham há muito devem ter notado que jamais dei um pio sobre o caso do menino Sean. Explico: tenho opinião que discrepa da tese de um dos grupos em litígio, onde conto com alguns amigos. Portanto, fecho o bico e não dou minha opinião, nem pendurado.

Outro assunto sobre o qual não escrevo é o decreto-lei recém publicado no Diário Oficial da União: “A presidenta da República faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1º. As instituições de ensino públicas e privadas expedirão diplomas e certificados com a flexão de gênero correspondente ao sexo da pessoa diplomada, ao designar a profissão e o grau obtido. (...) Art. 3º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 3 de abril de 2012. Dilma Rousseff. Aloizio Mercadante. Eleonora Menicucci de Oliveira”.

Se escrevesse a décima milionésima parte do que penso da lei e da trinca que a assinou, e nosso diretor de Redação deixasse passar meu texto, teríamos o philosopho processado, preso e degredado para a costa d’África. Falta-me a classe de um Ruy Castro para comentar a estupidez legal, ao dizer que também quer ser chamado de jornalisto, articulisto, colunisto ou cronisto.

Caligrafia – Cês viram a letra de Bruna Cristina, jovem afro-brasileira namorada do professor de caratê, que matava mulheres para fazer empadinhas vendidas nos postos de saúde e nos hospitais de Garanhuns, PE?

Pois é: a tevê nos mostrou a letra perfeita da antropófaga nas páginas de seu diário recolhido pela polícia. Fiquei felicíssimo com a minha horrível letra, que só ganha dos garranchos do caro e preclaro acadêmico Danilo Gomes, natural de Mariana, a cidade mais antiga de Minas.

O mundo é uma bola –  23 de maio de 1533: anulação do casamento de Henrique VIII com Catarina de Aragão, que não mandou decapitar: primeiro, porque era a caçula dos Reis Católicos da Espanha: depois, porque era bonita, inteligente e culta. Mas o motivo principal deve ter sido o seguinte: a rainha cortava e cosia amorosamente as camisas de seu marido e senhor. Ninguém mata companheira que corta e costura camisas.

Em 1982 nasceu o fotógrafo Sidney de Almeida, premiado no concurso Belezas singulares de Minas  com a foto “Luzes de Oliveira”. Hoje temos o aniversário de 100 anos da senhora Maria de Lourdes de Pinho Rohrmann, leitora do nosso Estado de Minas.

Hoje é o Dia Mundial da Tartaruga. Já almocei uma tartarugada em casa de amigo amazonense: gostei.

Ruminanças – “Visitar Paris num grupo de que faz parte o professor Júlio Lopes, secretário de Transportes do RJ, não é passeio, não é turismo, não é corrupção: é castigo” (R. Manso Neto).

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