quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Incentivos culturais

Plínio Palhano

Vivemos num país emergente onde o lema é a deficiência. A começar pela elite política, que, quase sempre, legisla em causa própria. Um governo que cobra os impostos mais altos do mundo, sem investimentos consideráveis na saúde e na educação, porque, claramente, não vemos os resultados; a Justiça caminha como uma tartaruga; a segurança pública não domina os crimes perpetrados nas ruas; e a traficância de drogas imperante destrói a juventude. Mas surgem personagens do poder a defender o castelo de trevas. Nesse sistema, o Ministério da Cultura faz a cena à custa dos inventores culturais, que privilegia alguns destes em detrimento de outros, como o financiamento de um site de mais de um milhão de reais, e filme pago antecipadamente...

Para nós, artistas e produtores, os incentivos culturais disponíveis nos municípios, nos estados e no âmbito federal são verdadeiros obstáculos. Além da deficiência natural, são somadas as imensas dificuldades criadas para os produtores culturais, que têm que ter um capital sólido para poder investir no próprio projeto, porque, após a sua aprovação, vem a via crucis interminável da burocracia cultural. No mensalão, em que foram disponibilizados cerca de milhões de dólares e reais, não havia tanta burocracia, era só o político dizer que ia apoiar o governo e, então, as maletas, as cuecas se enchiam de cédulas, tão simples e natural. Conheço produtores que investiram suas economias nos eventos pelos quais foram responsáveis e ainda estão para receber dinheiro dessas fundações culturais, e estas não lhes dão esperança nem satisfação sobre o fato.

Seria importante mudar essa política cultural a partir do Ministério da Cultura, porque há um excesso de exigências que impede qualquer empreendimento nesse âmbito; o contrato é assinado em cima da hora; os produtores e os artistas investem um dinheiro significativo para não deixar de cumprir os compromissos para realizar uma manifestação cultural. Os governos municipais e estaduais também não fogem ao padrão. Na verdade, para realizar um projeto aprovado por qualquer desses meios oficiais tem que ter capital para poder manter os compromissos. Se não o tiver não poderá concretizá-los. Creio que isso não significa incentivo cultural.

Plínio Palhano é Artista Plástico

ppalhano@hotlink.com.br

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