quinta-feira, julho 25, 2013

O universo de Dalí

Salvador Dalí
Plínio Palhano

O pintor catalão Salvador Dalí (1904–1989) foi um talento precoce: aos 6 anos pintou uma paisagem dos arredores de sua cidade natal, Figueras, iniciando naquela obra o percurso de uma das personalidades artísticas que influenciaram o século XX e a arte universal, na mesma dimensão de Picasso, Matisse, Duchamp, Malevich e outros modernistas. A sua independência já transparecia, na pré-adolescência, sinal de ideias avançadas e segurança em si próprio para o trabalho que iria realizar. Aos 10 anos descobriu o impressionismo e começou a desenvolver pinturas luminosas com aquela matéria espessa e característica dos impressionistas.


Entusiasmado, partiu para o pontilhismo e iniciou uma série de paisagens da região de Cadaqués, com pescadores, barcos, retratos dos familiares e autorretratos. Aos 18 anos, conhece o cubismo, o futurismo e os artistas que estavam na vanguarda do seu tempo, como Picasso, Matisse, Miró, Juan Gris, Morandi, Severini, Chirico, Carrà; o poeta de Granada Federico García Lorca — por quem teve amizade e paixão —; e o cineasta Buñuel. Com este, futuramente, realiza o filme O Cão Andaluz. Todos se tornaram amigos do jovem artista. Nesse período as influências de Picasso e Miró são fortes. Aparecem quadros cubistas e as lembranças das formas de Miró, mas sempre com a marca do olhar e do cérebro agudos de Dalí. Em 1929 inaugura a sua fase surrealista com duas obras: O Enigma do Desejo – Minha Mãe, Minha Mãe, Minha Mãe e O Jogo Lúgubre; será um entusiasta e protagonista desse movimento liderado pelo poeta e teórico André Breton. A partir daí, a obra de Dalí se expande. Admirador da cultura e da arte renascentista, elabora trabalhos surrealistas com imagens inspiradas nos grandes mestres. Aqui, no Recife, na Caixa Cultural, foram expostas 100 xilogravuras realizadas, sob a supervisão do pintor, por dois gravadores, Raymond Jacquet e Jean Taricco. Eles reproduziram, com perfeição técnica, as ilustrações em aquarela do artista sobre A Divina Comédia, de Dante Alighieri, encomendadas, na década de 1950, pelo governo italiano para as comemorações do 700º ano do nascimento do poeta. Os italianos desistiram da encomenda, mas Dalí continuou a obra. Um trabalho complexo e de grande envergadura, testemunho vivo do gênio surrealista.

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