sexta-feira, agosto 23, 2013

Cocô no Mar!

Germano Romero

Desculpem os leitores, mas a sabedoria evangélica diz que “o escândalo é necessário”. E que o título deveria ser motivo de violentos protestos, tais como os que estão sendo vistos pelo Brasil afora. Um crime de consequências absurdas, um grande dano ambiental que acontece, há décadas, calado, oculto, e, pior, apesar de divulgado com frequência, continua indiferente às próprias vítimas. O que mais impressiona é que, apesar de publicado nas primeiras páginas da imprensa, ninguém comenta, ninguém protesta, nem aparentemente se indigna com a abominável desgraça, que agora, mais uma vez, veio à tona.

A verdade é que as águas do belo Atlântico, nas praias de Manaíra e Cabo Branco estão contaminadas! Impróprias para banho, segundo laudo emitido pela Sudema. Mas essa contaminação vem de muito, muito tempo, e ainda não se viu nenhuma gestão municipal, estadual ou federal se empenhar para investigar, punir e solucionar.

Talvez a indiferença choque mais do que o inadmissível crime ambiental cometido com uma das mais preciosas pérolas de nosso estado: praias de águas mornas, emolduradas por paisagens decantadas no mundo inteiro, em cuja borda não é permitida nem a construção de edifícios com mais de 3 andares. Praias que são os espaços de lazer mais aprazíveis e apreciados pela população e o elemento de atração turística que mais agrada e impressiona aos visitantes.

E agora perguntamos: de que adianta restringir construções, proteger a paisagem, remover ocupação irregular, chegar-se ao cúmulo de ordenar a retirada de leves poltronas que o restaurante “Canyon” de Coqueirinho dispunha na praia, e da cozinha do ecológico “Arte Bar” de Tabatinga, que nenhum mal causavam, e ficar indiferente ao inominável crime ambiental de poluir a sagrada água do mar?

Causa espanto que diante uma barbaridade desse porte ninguém vá às ruas, ninguém proteste. Mais grave: que não se tomem providências urgentes. Há anos que se tem ciência das crescentes ligações clandestinas de esgotos nas galerias pluviais das praias paraibanas, e nada foi feito. Bastava uma rápida tamponagem na saída da tubulação, para o esgoto estourar dentro dos prédios dos criminosos, como testou, tão sabiamente, a ambientalista Socorro Fernandes, mas que ninguém se importou até hoje. E o escândalo permanece calado!

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